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Quem foi pra onde? Uma comparação entre os dias 13 e 18

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Eric Gil*, Pragmatismo Político

Em forte polarização política, assistimos no espaço de cinco dias, duas grandes manifestações em todo o país, a do dia 13, com movimentos e pessoas a favor do impeachment e com forte caráter anti-PT, e do dia 18, feito em defesa do governo, contra o impeachment e a favor da democracia, composto por militantes e simpatizantes do próprio PT e de outros partidos, mas também de movimentos sociais (estudantis, do campo, sindicais, etc.) e de apoiadores.

Muito já se falou da primeira, e ainda será falada da segunda manifestação. O que este artigo propõe é uma análise comparativa de quem compareceu a estes dois atos, analisando o perfil dos manifestantes a partir dos dados do Instituto Datafolha, instituto ligado ao jornal Folha de São Paulo, que acaba de publicar em sua edição impressa de sábado (19) a pesquisa sobre o perfil dos manifestantes do dia 18 (no dia seguinte à manifestação de domingo, a Folha já havia publicado a pesquisa referente ao outro ato).

No dia 13, o Datafolha entrevistou uma amostra estatística de 2.262 de manifestantes na Avenida Paulista. Já no dia 18, foram 1.963 entrevistados.

Deixando as consequências políticas de cada um desses atos, vamos aos dados do perfil dos seus manifestantes na Paulista.

O primeiro dado é o de presença de mulheres nas manifestações. Na Paulista, tanto no dia 13 quanto no dia 18, houve uma presença maior de homens do que de mulheres (57% de homens e 43% de mulheres), apesar do número ser exatamente o oposto na população paulistana (43% de homens e 57% de mulheres). O que mostra ainda uma sobreposição dos homens na política, independentemente de qual manifestação tratemos.

O segundo dado é de idade. Podemos ver pela média que as manifestações pró-governo apresentaram uma maior presença de pessoas mais jovens. Com a presença de organizações do movimento estudantil, como a UNE e a ANPG, além dos trabalhos de cada um dos movimentos e partidos na juventude, o caráter de maior mocidade do dia 18 se sobressai a uma presença de pessoas mais velhas no dia 13 (40% dos manifestações do domingo tinham mais de 50 anos, enquanto que para o dia 18 este número era de 26%).

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Fonte: Datafolha

Já no que se refere à escolaridade, os números mostram uma incrível homogeneidade. A diferença destes números são estatisticamente insignificantes, tendo em vista que a pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos percentuais pra cima e dois pra baixo. A alta escolaridade, com a presença esmagadora de pessoas com ensino superior, mostra uma certa elitização, ao menos do ponto de vista de capital educacional, em ambas as manifestações.

Fonte: Datafolha

Por fim, temos o mais polêmico dos dados, o da renda dos manifestantes. Podemos perceber por esta pesquisa que nas manifestações da Paulista do dia 13 a favor do impeachment, pessoas de alta renda eram mais presentes do que no dia 18. Para se ter uma ideia, enquanto que no dia treze, 43% das pessoas possuíam renda superior a 10 salários mínimos (R$8.800,00), no caso do ato pró-governo este número é de apenas 28%.

Fonte: Datafolha

Apesar dos pesares, mesmo com algumas disparidades, parece que as parcelas mais precarizadas e exploradas, ainda não entraram em cena. A ínfima participação das pessoas com baixa escolaridade e com baixa-renda (em nenhuma das duas manifestações as pessoas com renda de até R$1.760,00 – que representa 29% da população paulistana – chegou aos 10%) apareceu até agora. Matérias de jornais estrangeiros como o espanhol El País e o alemão Deutsche Welle , tentaram ouvir o que a periferia que não foi às ruas têm a dizer, e é o que não falta.

*Eric Gil é economista do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE) formado pela Universidade Federal da Paraíba, mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná; escreve quinzenalmente para Pragmatismo Político

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