'Indignado' com a decisão de Teori Zavascki, que classificou como inconstitucionais os grampos telefônicos de Lula, Lobão divulga endereço do filho do ministro do STF para que seus seguidores protestem no local, causando constrangimento à família
Após o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinar na noite desta terça-feira (22) que o juiz federal Sérgio Moro envie para o STF as investigações da Operação Lava Jato que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um grupo de manifestantes deixou uma faixa em frente ao prédio onde vive o ministro em Porto Alegre.
“Deixa o Moro trabalhar”, dizia a faixa criticando a decisão de Zavascki e, ao mesmo tempo, apoiando o trabalho do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, onde são conduzidas as investigações da Operação Lava Jato. A mensagem foi retirada do local durante a manhã desta quarta-feira (23).
Mais cedo, o roqueiro Lobão divulgou em sua conta do Twitter, que contém milhares de seguidores, o endereço do filho de Teori Zavascki com o intuito de que se realizem protestos para constranger a família do ministro do STF.
Outros grupos de oposição também incitaram o ódio contra Zavascki. Alguns internautas repudiaram a prática: “É preciso classificá-los como fascistas, pois os métodos são exatamente os mesmos das milícias nazis da Alemanha”, publicou um usuário.
Veja abaixo o post de Lobão:
A decisão de Teori Zavascki
Na decisão, Zavascki diz que compete somente ao STF avaliar como deve ser feita a divisão de investigações quando há indícios de envolvimento de autoridades com foro privilegiado, como Dilma e ministros.
Quanto aos áudios, o ministro diz que a lei proíbe “expressamente a divulgação de qualquer conversação interceptada” e determina a “inutilização das gravações que não interessem à investigação criminal”.
“Não há como conceber, portanto, a divulgação pública das conversações do modo como se operou, especialmente daquelas que sequer têm relação com o objeto da investigação criminal. Contra essa ordenação expressa, que – repita-se, tem fundamento de validade constitucional – é descabida a invocação do interesse público da divulgação ou a condição de pessoas públicas dos interlocutores atingidos, como se essas autoridades, ou seus interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas em sua intimidade e privacidade”, escreveu o ministro.
No mesmo despacho, Zavascki decretou novamente o sigilo sobre as interceptações. No prazo de dez dias, Moro deverá prestar informações ao STF sobre a retirada do segredo de Justiça das investigações.
Ao decretar novamente o sigilo sobre as gravações, Zavascki diz que, apesar de já terem se tornado públicas, é preciso “evitar ou minimizar os potencialmente nefastos efeitos jurídicos da divulgação, seja no que diz respeito ao comprometimento da validade da prova colhida, seja até mesmo quanto a eventuais consequências no plano da responsabilidade civil, disciplinar ou criminal”.
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