Jovem conta como escapou de atentado em Bruxelas
34 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas após explosões em Bruxelas nesta terça-feira. Jovem conta como, por muito pouco, escapou de estar entre as vítimas
A Procuradoria da Bélgica confirmou que foram atentados coordenados as três explosões registradas por volta das 8h15 (4h15 de Brasília) desta terça-feira (22) em Bruxelas, na Bélgica, — duas no aeroporto internacional da capital, perto dos balcões de check-in no terminal de embarque, e outra na estação de metrô de Maelbeek, localizada próxima a edifícios da União Europeia.
Ao menos uma das explosões foi provocada por um homem-bomba.
Ao menos 34 pessoas morreram — 20 no metrô e 14 no aeroporto — e 136 pessoas ficaram feridas, segundo um balanço provisório das autoridades.
Mais tarde, um cinturão-bomba não explodido, supostamente pertencente a um terceiro terrorista, foi encontrado no aeroporto e detonado de maneira controlada pela polícia, informou a agência Reuters.
Também foi encontrado um fuzil AK-47 junto de um corpo que seria de um dos terroristas.
“Aconteceu o que temíamos”, afirmou o premiê belga, Charles Michel, em declarações à imprensa. “Fomos vítimas de ataques cegos.”
‘Escapei por pouco’
A espanhola Beatriz Péon, de 25 anos, escapou por pouco de estar entre as vítimas do atentado contra o metrô de Bruxelas.
Em entrevista à BBC Brasil, ela conta que estava a caminho do trabalho quando perdeu o trem que, minutos depois, viria a ser alvo do ataque. Beatriz decidiu embarcar no seguinte.
Leia a seguir seu relato completo:
“Sou natural de Madri, na Espanha, e moro há três anos e meio em Bruxelas, na Bélgica. Estava a caminho do trabalho na manhã desta terça-feira quando duas coincidências enormes aconteceram comigo.
Em primeiro lugar, perdi o trem que viria a ser alvo de um atentado minutos depois. Em segundo, decidi embarcar no último vagão do próximo trem.
Na metade do trajeto entre as estações Arts-Loi e Maelbeek (local do atentado), o metrô parou. Anunciaram no auto-falante em holandês, francês e inglês que havia ocorrido um incidente na linha e que estavam trabalhando para solucioná-lo o mais rápido possível.
Ficamos parados por quase dez minutos. Os passageiros estavam grudados nos celulares, e, depois de alguns minutos, começaram a ficar muito nervosos enquanto outros começaram a chorar.
A condutora do trem atravessou os vagões até chegar ao último, onde eu estava, e começou a tentar abrir a porta. Quando se deram conta disso, os passageiros dos outros vagões começaram a correr em direção aonde eu estava.
Conseguiram abrir a porta e todo mundo começou a sair. Os passageiros que vinham em direção ao último vagão começaram a se empurrar e a pular por cima dos assentos.
Uma mulher mais velha estava tendo o que parecia ser um ataque de ansiedade, enquanto outros gritavam para que parassem de empurrar e fossem civilizados.
Percebi que precisava sair. Tudo estava escuro e havia muita fumaça e poeira. Alguns passageiros haviam permanecido dentro do trem para ajudar a gente a sair do vagão em direção aos trilhos.
Vi um idoso pulando para fora do vagão. Ele quase caiu no chão. Os voluntários – árabes, na maioria – tentavam tirar as pessoas do trem. Começamos a caminhar pelos trilhos de volta à estação de Arts-Loi. Ouvi barulhos muito fortes em cima da minha cabeça. Me assustei ao pensar que poderiam estar ocorrendo explosões na estação de Arts-Loi.
Havia funcionários do metrô caminhando conosco com lanternas e alto-falantes, pedindo que caminhássemos pelo centro dos trilhos. Ao chegar à estação de Arts-Loi, tudo estava deserto. Escutei pelo sistema de som que a estação estava fechada por ordem policial.
Subi as escadas e encontrei um policial cercado por dez a quinze passageiros que haviam chegado antes de mim. O policial explicava que havia ocorrido uma explosão, mas não disse onde, e que a estação onde estávamos estava segura.
Perguntei a ele se eu podia sair e ele disse que não, que não era seguro e teríamos de permanecer ali dentro.
Poucos minutos depois, um soldado desceu correndo as escadas do lado oposto da estação gritando para que todo mundo saísse. Eu e o resto das pessoas saímos correndo pelas escadas pelas quais o soldado havia descido.
Os arredores da estação estavam bloqueados com cordão de isolamento. Saí correndo e passei pela estação de Maelbeek (onde houve a explosão) e vi polícia, um carro de bombeiros e muita fumaça e poeira. Fiquei feliz de não ter visto ambulâncias porque me fez pensar que não houve feridos, mas apenas danos materiais.
Finalmente cheguei ao trabalho, onde duas colegas estavam chorando e correram para me abraçar quando entrei. Então, me dei conta do que havia acontecido e caí em prantos.”