A lista das figuras públicas que são contra e as que são a favor do impeachment
Para o sociólogo da USP Wagner Iglecias, é difícil fugir do ditado "diga-me com quem andas..." neste momento decisivo para a história política do Brasil
O levantamento a seguir foi feito pelo cientista social da USP, Wagner Iglecias, que recentemente foi entrevistado pela BBC Brasil para tratar do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
por Wagner Iglecias
Fiz uma lista de cabeça, sobre quem está contra e quem apóia o impeachment de Dilma. Seguem alguns nomes (claro que há muitos outros).
Óbvio que cada pessoa é uma pessoa, mas ao ver certos nomes dessa lista a gente lembra daquele velho ditado: “Diga-me com quem andas…”. Se quiserem acrescentar mais nomes, a favor ou contra o impeachment, fiquem a vontade.
A FAVOR do impeachment
A favor: Cunha, Temer, Serra, Aécio, FHC, Família Bolsonaro, Pastor Marcos Feliciano, Pastor Silas Malafaia, Alckmin, Gilmar Mendes, Janaina Paschoal, Paulinho da Força, Aloysio Nunes, Paulo Maluf, Marta Suplicy, Kim Kataguiri, Paulo Skaff, Reinaldo Azevedo, Alexandre Frota, Ronaldo Caiado, ACM Neto, Roberto Jeferson, Roberto Freire, José Agripino, Tasso Jereissati, Antonio Imbassahy, Zezé Perrela, Alvaro Dias, Revoltados on Line, Lobão, Paulo Ricardo, Ronaldo Fenômeno, Rogério Ceni, Romário, Ferreira Gullar, Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho, Augusto Nunes, Miguel Reale, Regina Duarte, Danilo Gentilli, Roger do Ultraje, Suzana Vieira, Vanderlei Silva (do MMA), Wanessa Camargo, Marcelo Madureira, Rachel Sheherazade, Luana Piovani, Diogo Mainardi, Marco Antonio Villa, Ary Fontoura, Márcio Garcia, Malvino Salvador, Juliana Paes, Marcelo Serrado, Thayla Ayala, Caio Castro…
CONTRA o impeachment
Contra: Lula, Chico Buarque, Fernando Morais, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Wagner Moura, Criolo, Bete Carvalho, Leci Brandão, Luiza Erundina, Jean Wyllys, Antonio Candido, Fernando Haddad, Luis Fernando Veríssimo, Guilherme Boulos, Ciro Gomes, Eduardo Suplicy, Mano Brown, Anna Muylaert, Lindenbergh Farias, Roberto Requião, Leonardo Boff, Frei Betto, Antonio Prata, Paulo Miklos, Tico Santa Cruz, João Bosco, Aldir Blanc, Eric Nepomuceno, Gregório Duvivier, Juca Kfouri, Elza Soares, Antonio Pitanga, Aderbal Freire Filho, Hildegard Angel, Ivan Valente, Chico Alencar, Jandira Feghali, Emir Sader, Jessé de Souza, Zé Celso Martinez Correia, Juca Ferreira, Leticia Sabatella, Paulo Betti, Marieta Severo, Alexandre Nero, Glórias Pires, Ziraldo, Dira Paes, Hector Babenco, Camila Pitanga, Monica Iozzi, Zélia Duncan, Marina Person, Mart´nalia, José de Abreu, Chico César, Audalio Dantas, Emicida, Ruduan Nassar, Fátima Bezerra, Benedita da Silva, André Abujamra, Luis Pinguelli Rosa, Ronaldo César Cerqueira Leite, Marilena Chauí, Otto, Paulo Sérgio Pinheiro, Tata Amaral, Benvindo Siqueira, José Murilo de Carvalho, Luis Carlos Bresser-Pereira, Luiz Felipe de Alencastro, Fabio Konder Comparato, Dalmo Dallari, Pepe Mujica, Maria Rita Kehl, Luiz Gonzaga Belluzzo, Wanderley Guilherme dos Santos…
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A seguir, leia o texto de Paulo Villaça publicado em sua página no Facebook:
QUAL É O LADO CERTO DA HISTÓRIA?
E aqui estamos, às vésperas de um dos dias mais importantes de nossa ainda tão jovem democracia. Vinte e sete anos depois do fim da ditadura – o maior período democrático de nossa República -, o próximo domingo representará um daqueles momentos que entrarão para os livros de História.
A pergunta é: será uma página que marcará o início de um governo ilegítimo, conquistado graças ao tapetão e às manobras de uma oposição frustrada por não conseguir o apoio da população nas urnas, ou uma lembrança importante de como as forças democráticas se uniram para derrotar mais uma tentativa de golpe?
Que o que está havendo é um esforço golpista não há mais qualquer dúvida: até a imprensa internacional (incluindo veículos “petralhas” como a Forbes e o New York Times) já se convenceu de que o impeachment é movido pelos interesses de políticos determinados a conquistar o poder a fim de se manterem impunes diante de diversas denúncias de corrupção, derrubando, para isso, uma presidenta que NINGUÉM acusou de se envolver em qualquer crime com o objetivo de ganhos pessoais.
Não, Dilma não é uma boa governante. Tenho inúmeras críticas à sua gestão (e já expressei várias aqui e no Twitter) e me senti traído ao perceber que boa parte das propostas apresentadas durante a campanha acabou cedendo espaço aos interesses do “mercado” e de setores mais conservadores.
Mas má gestão não é crime de responsabilidade e, portanto, não é motivo para impeachment. (Sobre as tais “pedaladas fiscais”, já comentei em posts mais abaixo.)
Aliás, a questão é muito mais grave: se a oposição conseguir derrubar Dilma, o princípio democrático da escolha de nossos representantes pelas urnas ruirá, comprovando que qualquer presidente que não ceda às chantagens do Congresso poderá ser removido sumariamente. A partir daí, nossa democracia já terá oficialmente fracassado.
Para piorar, os substitutos, sem legitimidade alguma, seriam impossibilitados de governar – e considerando o caráter de Temer/Cunha/Serra/etc, não seria de se espantar caso passassem a usar a força para reprimir movimentos sociais determinados ao protesto.
O nome disso é Ditadura, não interessando se nascida de um golpe militar ou parlamentar.
Sim, porque é preciso dar nome aos bois; linguagem é fundamental. Não é à toa que a mídia diz que Dilma “negocia ministérios” e que Temer “estuda composição ministerial”. Os militares também não aceitavam chamar o golpe por este nome, preferindo batizá-lo de “revolução”.
Mas lutar pela democracia – especialmente por um governo que não inspira fidelidade – não é fácil. Seria mais simples deixar para lá, ver em que número o dado vai cair e regular as apostas a partir daí. Seria também mais prudente.
E seria também uma tremenda covardia.
Há anos venho escrevendo sobre o perigo do crescimento da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) e desde outubro de 2014 venho alertando sobre os movimentos golpistas (basta conferir o histórico aqui do Facebook e do Twitter). Durante a maior parte do ano passado, éramos poucos a apontar o que estava acontecendo – e, claro, recebíamos também toda a fúria dos perfis e das páginas de direita, que disparavam ameaças, insultos e acusações de estarmos recebendo dinheiro do governo para defendê-lo. Espalharam, por exemplo, um projeto de 2007 com meu nome alegando que eu havia recebido 170 mil reais – mas removendo, claro, a parte do processo que esclarecia que eu não havia recebido um centavo sequer. (E sejamos francos: MESMO que eu tivesse captado algo por uma lei de incentivo – e não captei -, isto não seria crime. Ou Danilo Gentili pode captar mais de um milhão para seu filme enquanto a esquerda é proibida de usar os recursos da lei?)
Perdi NO MÍNIMO um terço de meus leitores. Perdi apoios comerciais do site. Perdi meus sócios. E ainda assim, ignorei conselhos de amigos e parentes e segui adiante.
Sabem por quê? Porque há lutas que são maiores do que a gente. E quando o país começou a acordar para o golpismo e a se manifestar nas ruas, senti um tremendo alívio ao perceber que já não éramos mais poucos e que não havíamos insistido à toa.
Cada um de vocês é um aliado fundamental nesta luta. Cada voz é instrumental. Por muito tempo, as forças conservadoras ganharam no grito nas redes sociais e, consequentemente, na condução da narrativa. Mas com a SUA voz, com SEU grito de indignação, a narrativa foi mudando aos poucos.
Estamos do lado certo da História, lindezas. Para ter certeza disso, não precisamos apenas saber que estamos lutando pela manutenção do resultado democrático das urnas; podemos também simplesmente ver quem está do outro lado. Bolsonaros, Felicianos, Malafaias, Caiados e Cunhas são relíquias, anacronismos, artefatos do passado.
Representam ideias vencidas, com cheiro de mofo. Representam a intolerância, o desrespeito e o preconceito.
Venceremos no próximo domingo. E ainda mais importante que isso: saberemos que quando a História for escrita, poderemos manter as cabeças erguidas sabendo que nos mantivemos firmes do lado do progresso e da democracia.
Restará apenas exigir que o governo que elegemos nos represente de verdade – e duvido muito que não tenha aprendido sua lição.
Agora é a vez de a oposição aprender a dela.