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A repercussão da votação do impeachment na mídia internacional

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The Guardian: "Dilma Rousseff sofre grande derrota em um Congresso hostil e contaminado pela corrupção". El País: "Deus derruba a presidente do Brasil". Vitória do impeachment na Câmara dos Deputados repercute na imprensa dos EUA, América Latina e Europa. Confira o que disseram os veículos de comunicação

A votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados teve ampla repercussão em países sul-americanos, na Europa e nos Estados Unidos.

Na manhã desta segunda-feira, a emissora norte-americana CNN questionou: “Impeachment de Dilma Rousseff e agora?”. A CNN destacou que o processo contra a primeira presidente mulher do Brasil ganhou confortavelmente e foi muito tumultuado nas ruas e no Congresso.

A rede de televisão norte-americana CBS News também deu enorme destaque à notícia de que a Câmara dos Deputados aprovou, em votação, a acusação de que a presidenta Dilma Rousseff cometeu ‘pedaladas fiscais’. A acusação, segundo a rede de televisão, fortaleceu o argumento de que a ação contra Dilma “é um golpe”.

América Latina

Um “festival de agressões verbais” e “falta de argumentos”. Assim o jornal colombiano El Espectador se referiu ao impeachment aprovado na Câmara. A publicação comenta o fato de a maioria dos deputados justificarem seus votos em argumentos que não estavam diretamente relacionados às acusações contra o governo de Dilma . Em vez disso, evocaram aspectos religiosos, familiares e até contra o comunismo.

“‘Por minha família, por meus filhos, por minha esposa, por minha neta, por meu pai, sempre presente em minha vida’, por eles votavam os deputados”, diz o artigo.

Segundo o texto, a votação “se converteu logo em um festival de agressões verbais e em uma mostra de que a política na América Latina é, também, um jogo de retórica que pretende ocultar a falta de argumentos”.

Alguns deputados baseavam seus votos favoráveis ao impeachment em uma suposta “rede de corrupção” no governo de Dilma Rousseff. No entanto, “tanto os partidos de oposição, como o governista PT, estão implicados”, diz a publicação, que lembra que 60% dos membros da Câmara e do Senado são investigados por crimes eleitorais, de corrupção ou homicídio.

“A votação foi se tornando, pouco a pouco, em um retrato rupestre do nacionalismo mais rasteiro e do espetáculo mais vergonhoso. Já não era política: era uma peça de teatro”.

O jornal La Nacion, da Argentina, diz que “Dilma Rousseff ficou à beira do julgamento político”. Segundo o jornal, a crise no Brasil está longe de acabar e o país se encontra com “uma presidenta na porta da saída de emergência, um Congresso que festeja com euforia o trauma político que divide o país e um eventual novo mandatário também suspeito de corrupção”.

A imprensa chilena também destacou a divisão no Brasil. “Luz verde ao julgamento politico contra Dilma e o Brasil se parte em dois”, anunciou o “La Tercera”. Segundo o “El Mercurio”, ao votarem a favor do impeachment, os deputados federais brasileiros “deixaram à beira do precipício a experiência mais emblemática do ciclo de governos de esquerda da América Latina”.

Europa

Na Europa a notícia também repercutiu. Na Itália, o Corriere della Sera destacou a vitória da oposição “com larga maioria”. “Na prática, todos os partidos aliados abandonaram Dilma menos o seu PT e alguns aliados tradicionais”, escreveu a publicação. Já o La Repubblica destacou a “chocante” derrota da mandatária e que agora o Senado definirá se afasta ou não a líder política.

O jornal espanhol El País, na reportagem “Deus derruba a presidente do Brasil”, citou os muitos deputados que justificaram o voto pelo impeachment com argumentos religiosos. De acordo com o veículo, caso Temer assuma a presidência enfrentará dura oposição do PT.

O Le Monde, da França, destacou o que classificou como um ambiente de fatos e gestos insólitos na sessão da Câmara, no artigo intitulado “Os 10 segundos de celebridade dos brasileiros”. “Cada um dos 511 deputados presentes se beneficiou de seus 10 segundos de palavra para deixar sua marca nessa sessão histórica transmitida ao vivo”, ressaltou.

No jornal The Guardian, a matéria sobre o impeachment é a de maior destaque na versão online. “A presidente Dilma Rousseff sofreu uma grande derrota neste domingo em um Congresso hostil e contaminado pela corrupção”, escreveu.

O jornal Tagesspiegel, de Berlim, chamou a votação deste domingo de “show do impeachment”. “Foi a sessão mais longa que o Parlamento brasileiro já teve. Foi, ao mesmo, tempo, a mais assistida, seguida por milhões de brasileiros em locais públicos, em praças e em casa. E foi uma das mais curiosas: com uma votação como em um estádio de futebol, deputados cuspiram, traíram e mandaram cumprimentos à mamãe”, afirma o periódico.
“O voto do domingo é uma grande decepção para Rousseff, que, junto com seu mentor, o ex-presidente Lula da Silva, tentou até a última hora ganhar votos. Mas o vento havia se virado há algum tempo contra Rousseff: seu parceiro de coalizão mais importante [o PMDB] pulou fora. Além disso, o vice-presidente Michel Temer conspira abertamente contra ela”, diz.

com informações de Agência Brasil e O Dia

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