Eduardo Cunha decide votar impeachment de Dilma no próximo domingo, às 14h, para ser "carregado nos braços do povo". Presidente da Câmara pretende colocar telões do lado de fora do Congresso e pode inflar ânimos de manifestantes. Cunha afirmou ainda que deve chamar aliados da presidente para votar só no final, com o intuito de constrangê-los e criar uma onda 'pró-impeachment'
Adversários declarados, Dilma Rousseff e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passaram os últimos dias montando estratégias para o dia crucial da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados. Hoje, Cunha afirmou que a votação será no próximo domingo, dia 17 de abril, às 14h.
Diante da possível decisão de deputados contra o impeachment de faltarem à sessão – a ausência é boa para Dilma, já que é preciso pelo menos 342 dos 513 votos para que o pedido seja remetido ao Senado –, Cunha já definiu um ritual.
A intenção do peemedebista é fazer sucessivas chamadas nominais dos faltosos, com a leitura do nome, partido e Estado do parlamentar, como forma de deixar clara a manobra de eventuais ausentes.
Além disso, Cunha manifestou a aliados que irá começar a chamada nominal dos votantes pela região Sul, deixando os deputados do Nordeste e do Norte, teoricamente mais simpáticos a Dilma, para o final. O objetivo manifestado por ele a interlocutores é criar uma onda pró-impeachment durante a votação.
A expectativa do presidente da Câmara, dizem aliados, é a de que a essa altura já haja uma maioria consolidada pela abertura do processo de impeachment, principalmente pelos votos das regiões Sul e Sudeste.
Em 1992, durante o impeachment de Collor, a chamada dos deputados foi feita por ordem alfabética. O argumento à época era o de que se pretendia evitar direcionamento do resultado.
Sexta e sábado
Na reunião oficial com os líderes ficou definido o seguinte: a sessão de votação do parecer favorável ao impeachment começará às 8h55 desta sexta-feira (15), com 25 minutos de fala reservada à acusação – para os autores do pedido de impeachment– e 25 minutos à defesa – provavelmente o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
Depois, falarão representantes dos 25 partidos políticos com representação na Casa –da bancada maior para a menor. Cada partido terá o tempo de 1 hora para dividir para até cinco deputados da legenda. Um partido não poderá ceder tempo para o outro. Não há hora para o término desses discursos, que podem invadir a madrugada.
No sábado (16) a sessão será retomada às 9h para a fala, por 3 minutos cada uma, de todos os deputados que se inscreverem até o dia anterior. Como na comissão especial, haverá duas listas de inscrição para falar: uma contra e uma a favor do impeachment, e a chamada será feita de ordem alternada (um deputado de cada). Também não há hora para o término desses discursos.
Domingo
A decisão de Eduardo Cunha de votar o impeachment no domingo tem a ver com o desejo do presidente da Câmara de que o processo seja televisionado, ao vivo, com forte audiência e manifestações nas ruas em todo o Brasil.
Cunha quer barganhar politicamente e tenta aliviar a sua imagem, que, segundo pesquisa do instituto Datafolha, amarga péssima popularidade.
Com o Brasil inteiro discutindo o impeachment, o presidente da Câmara deseja fugir dos holofotes que pesam sobre ele no Conselho de Ética. Lá, Cunha pode ter o mandato cassado, mas vem manobrado para protelar o processo.
No domingo (17), finalmente, a votação começará às 14h. Haverá tempo para os líderes partidários orientarem suas bancadas, em período proporcional ao tamanho de suas bancadas.
Cada deputado terá 10 segundos para dizer seu voto abertamente no microfone do plenário (sim ao impeachment, não ou abstenção), o que dará mais margem para manifestações políticas.
Em Brasília, um muro já está sendo erguido para separar manifestantes a favor e contra o impeachment no domingo.
com informações de EBC e Folhapress
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