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Ex-amante de FHC muda versão e agora diz ‘não se lembrar’ de pagamentos

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Ex-amante de FHC, Mirian Dutra agora diz 'não se lembrar' de pagamentos feitos pelo ex-presidente por firma com sede nas Ilhas Cayman. Há dois meses, Mirian revelou que tinha um acordo ‘fictício’ com a Brasif e que ele serviria para receber mesada de FHC. Por que será que ela mudou a versão?

Em entrevista à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV!, a também jornalista Mirian Dutra afirmou “não se lembrar” de ter assinado um contrato a Brasif Duty Free Shop Ltda., empresa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teria usado, segundo a própria Mirian, para enviar dinheiro a ela no exterior.

A acusação, feita por Mirian em fevereiro, é alvo de uma investigação na Polícia Federal. Ela e FHC mantiveram uma relação amorosa nos anos 80 e 90, quando o ex-presidente era casado com Ruth Cardoso. Mirian revelou há dois meses que tinha um acordo ‘fictício’ com a Brasif e que ele serviria para receber mesada de FHC.

Já na entrevista concedida a Mariana Godoy na última sexta-feira (8), Mirian deu outra explicação para o assunto. “Eu não conheço nenhuma empresa, até por que tinha contrato com a TV Globo, e este contrato era de exclusividade. Se houve este contrato, eu sinceramente não lembro”, afirmou a ex-namorada do tucano.

Um dia antes, na quinta-feira (7), Mirian foi ouvida por mais de seis horas por agentes da PF em São Paulo. Ela considerou o depoimento “cansativo”, e mencionou acreditar que o delegado que a ouviu esperasse dela “uma mala cheia de documentos”.

Imaginei que aquilo fosse durar uma, duas horas, mas o delegado estava tentando saber coisas que eu jamais saberia. Eu estou há 25 anos fora do Brasil, e eu praticamente não venho ao Brasil, e ele mesmo comprovou isso com minhas entradas de passaporte. Mas foi muito cansativo”, disse Mirian, que ainda deu outro detalhes sobre o depoimento.

“‘Você sabe se o ex-presidente já tinha alguma pretensão política na época?’, isso é pergunta que se faça? Eu lá sei se ele tinha alguma pretensão política ou não, não sou analista dele. (…) O inquérito é baseado exclusivamente em notas de jornal de muito tempo, de blogs, de sites, de bobagens”, emendou a jornalista, com quem FHC teria tido um filho – o ex-presidente alega que um exame de DNA, feito nos EUA, afastou essa possibilidade, mas ainda assim ele bancou os estudos do jovem.

‘Era só para educação’

Mirian deu a entender em fevereiro, em suas entrevistas à imprensa, que o acordo fictício com a Brasif – empresa que tinha contratos públicos na rede duty free de aeroportos do Brasil no governo FHC – servia para o envio desses recursos pelo ex-presidente, o que o tucano e a própria empresa já negaram.

Desde que meu filho entrou na escola, ele (Fernando Henrique Cardoso) queria pagar os estudos do Tomás. Eu não concordava com isso, mas depois fui convencida a aceitar isso, afinal o dinheiro não era para mim, era para a educação. Então eu impus a condição de que ele pagasse o do Tomás e da Isadora. Pois eu não queria um filho numa escola internacional e outro na pública (…). Era esse dinheiro que entrava para a escola, eu não recebia pois eu tinha trabalho”, comentou.

Mirian deu a entender ainda ter se arrependido da entrevista que concedeu à revista Brazil com Z (“me assusto com a repercussão da entrevista, acho que fui muito inocente em dar uma entrevista dessas”), o bate-papo que desenterrou uma história privada já conhecida, mas que gerou toda uma repercussão nova, sobretudo pelo tom acusatório empregado pela ex-namorada de FHC na ocasião. Ela fez questão de pedir respeito ao ser questionada se teria recebido dinheiro do PT para trazer o romance à tona.

Eu acho que eu já tenho uma certa idade e tenho uma capacidade de pensar para me deixar ser usada. Nunca ninguém vai me usar. Infelizmente, aconteceu e eu dei esta entrevista, agora espero esclarecer tudo isso com você e que fique muito claro que eu não recebi dinheiro, que eu não sou milionária, que eu não compactuei com ninguém”, pontuou.

‘Não fui forçada a sair’

Mirian ainda desmentiu que tenha sido forçada a deixar o Brasil no início dos anos 90, em virtude do prejuízo que o caso extraconjugal poderia causar a FHC, que poucos anos depois viria a ser eleito presidente, em 1994.

Eu como jornalista, e conhecendo ele, se saísse alguma coisa naquela época, ia quebrar o eixo dele, que é a família. Então acho que iria afetar sim (…). A decisão de sair do Brasil foi minha, única e pessoal. Por que tinha dois filhos pequenos e achei que o melhor lugar para criar eles era lá fora. Brasil há 25 anos atrás passava a mesma coisa que passava agora, o impeachment. Era o impeachment do Collor”, explicou.

A ex-namorada de FHC ainda garantiu que não dará mais entrevistas sobre o assunto, negou ter sido alvo de qualquer ameaça e que a história com o ex-presidente “foi um rio que passou em sua vida”. Ela disse que o seu foco é arrumar um emprego, após não ter tido o seu contrato renovado pela TV Globo. E assegurou que irá processar todos os que divulgaram ofensas contra ela na internet nos últimos meses.

Não fui mandada embora, eu tenho minha vida, não quero incomodar ninguém, não quero que ninguém seja incomodado pela minha presença. Decidi vir depor, pois estava ao lado do advogado. Tinha a opção de depor na Espanha, mas me senti mais segura por estar ao lado de advogado”, concluiu.

Assista a entrevista na íntegra:

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