Michel Temer diz que enviou mensagem por “equívoco” a colegas de partido pelo WhatsApp. Jornalistas, parlamentares e o governo acreditam que a mensagem foi vazada pelo próprio vice-presidente, mas a avaliação é de que a estratégia pode ter sido um tiro no pé
O vice-presidente Michel Temer disse que a gravação feita por ele e divulgada hoje foi um “equívoco” e que foi em resposta a alguns “companheiros”, que perguntaram a ele se estava preparado para ocupar a Presidência da República.
Segundo Temer, em vez de enviar a mensagem para outro amigo, o áudio foi direcionado a “um grupo que acabou divulgando esta matéria”.
“Eu falava com vários companheiros e, naquele momento, me perguntaram se eu estava preparado para a eventualidade daquilo que viesse a acontecer no próximo domingo, porque, certa e seguramente, se exigiria uma manifestação minha. Eu disse: Olha, até vou fazer o seguinte. Vou gravar aqui uma coisa que eu imagino que eu possa dizer”, disse.
Após o vazamento do áudio, Temer convocou jornalistas para comentar o assunto. Ele afirmou que as teses defendidas, de prestígio aos setores produtivos, manutenção de programas sociais e chamamento dos partidos para uma “salvação nacional” são as mesmas sustentadas por ele ao longo do tempo. “Não estou dizendo novidade”, afirmou.
Perguntado se o vazamento poderia alterar o resultado da votação do impeachment na Câmara, que deve terminar neste domingo (17), Temer disse que não. Ele afirmou também que não iria comentar críticas de que é “golpista”, e estaria sentando-se na cadeira antes do tempo. Certas afirmações não merecem, digamos assim, a honra da minha resposta”, disse o vice-presidente.
“Caiu a máscara”
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse estar “estupefato” com o vice-presidente Michel Temer pela divulgação do áudio em que o peemedebista faz um pronunciamento à nação como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara.
Em nota oficial, Berzoini afirmou que Temer revela suas “características golpistas”. “Ele está confundindo a apuração de eventual crime de responsabilidade da presidenta Dilma com eleição indireta. Está disputando votos”, afirmou.
O ministro Jaques Wagner, da chefia de Gabinete da presidente Dilma Rousseff, disse que o vice-presidente Michel Temer deixou claro a “marca de ser patrocinador do golpe”. Segundo Jaques Wagner, o áudio “foi um desrespeito aos parlamentares que ainda não votaram nem o relatório da Comissão de Impeachment”.
Segundo a Folha de S.Paulo, Dilma teria demonstrado surpresa com a revelação do áudio e afirmando, referindo-se a Temer: “Caiu a máscara do conspirador!”.
No governo, a avaliação é de que não houve vazamento, mas sim a divulgação intencional do que Temer pensa e o que quer fazer.