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Michel Temer e o retorno da ideia retrógrada dos superministérios

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A ideia aventada por Michel Temer, de concentrar seu governo em três superministérios, tem a marca indelével e o pensamento anacrônico de José Serra. É a mesma visão disfuncional de Fernando Collor, quando criou um superministério da Infraestrutura e paralisou a administração

Michel Temer, vice presidente do Brasil (reprodução)

Luis Nassif, GGN

A ideia aventada por Michel Temer, de concentrar seu governo em três superministérios, tem a marca indelével e o pensamento anacrônico de José Serra. É a mesma visão disfuncional de Fernando Collor, quando criou um superministério da Infraestrutura e paralisou a administração.

Há décadas a gestão moderna tornou anacrônica a ideia de que concentração de ações leva à racionalidade administrativa. Pelo contrário, emperra a máquina, limita a inovação nas diversas áreas, tira a flexibilidade da administração, ainda mais na gestão pública, muito mais complexa que na gestão privada.

Cada vez mais a gestão moderna se faz de forma horizontal, flexível, permitindo a cada célula organizar a melhor maneira de desenvolver seu trabalho e de se relacionar com seu público, e de interagir com os demais departamentos e/ou ministérios.

No caso de governos, que necessitam se interagir com todos os segmentos sociais, e cuja atuação não pode ser padronizada – como no setor privado -, a flexibilização é mais necessária ainda.

Foi o que ocorreu na era Lula, com cada Ministério dotado de autonomia para criar, para estabelecer as relações com o meio social ou econômico representados. A articulação entre os Ministérios se dava nos conselhos ou câmaras setoriais, nos quais os Ministérios horizontais – em geral aqueles ligados à área social – conseguiam inserir suas prioridades nas ações do Ministério responsável por cada programa. Tudo sob a coordenação do presidente.

A cabeça de José Serra não saiu dos anos 80, inclusive por razões políticas: centralizando, todos os setores têm que pedir a benção e passar pelo comando único. E o superministro fica imune a críticas à sua atuação e acaba criando feudos, nos quais a lealdade se deve a ele, não ao projeto ou ao presidente.

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