Reação de Eduardo Cunha comprova a eficácia da defesa de Cardozo
A efetividade do discurso de Eduardo Cardozo na Comissão do Impeachment foi comprovada por Eduardo Cunha, que deu uma coletiva visivelmente contrariado, o que não é de seu feitio, muito pelo contrário. Para um psicopata como ele, portador do que um professor definiu como Transtorno de Personalidade Dissocial, saiu do script
Kiko Nogueira, DCM
A defesa de Dilma por Cardozo na comissão do impeachment levou a uma pergunta óbvia: o que ele estava fazendo no Ministério da Justiça?
Cardozo falou durante cerca de duas horas sem ligar para provocações, enfático, teatral na medida correta— enfim, como um bom advogado (veja a íntegra da defesa aqui).
Criticou as ilegalidades e “vícios” do impeachment, deu o peso necessário à palavra golpe sem abusar dela e criou bons achados: o pedido tem “um pecado original do qual jamais se libertará”.
“Houve desvio de poder, há ilegalidade no processo, ele foi instaurado como vingança, não tem base. É uma figura clássica, nunca posso usar uma competência para retaliar alguém”, disse.
“É um desvio de poder notório, e que continua quando se manda a delação do senador Delcídio do Amaral. Todo um conjunto de situações que caracteriza vício.”
Cardozo destacou que, por 15 anos, os tribunais de contas admitiram a prática de edições de decretos. “Portanto, se essa Casa admitir o impeachment haverá processos de impeachment em todo o país, de governadores e prefeitos. Todos praticam porque as cortes de contas aceitam isso.”
Mesmo que as pedaladas sejam consideradas crimes, algo do qual ele discorda, elas ocorreram no mandato encerrado em 2014 e, portanto, a presidente não pode ser penalizada.
“Fere o princípio da previsibilidade jurídica, fere a segurança das instituições, criam-se teses para justificar fatos a partir de uma concepção política. Não pode o país viver com tal situação de imprevisibilidade na gestão governamental. Ao defender a presidenta, defendo todos os governadores e todos os prefeitos”, argumentou, citando Alckmin.
Apontou o dedo: “A decisão [de Eduardo Cunha] não visou, na abertura do processo de impeachment, o cumprimento da Constituição. Ele usou da sua competência para fazer vingança e retaliação”.
A efetividade do discurso foi comprovada por Cunha, que deu uma coletiva visivelmente contrariado, o que não é de seu feitio, muito pelo contrário. Para um psicopata como ele, portador do que um professor definiu como Transtorno de Personalidade Dissocial, saiu do script.
Geralmente com um sorriso de lagarto, blasé, desta vez EC acusou o golpe. “O ministro José Eduardo Cardozo, obviamente, está faltando com a verdade e exercendo de forma indigna essa defesa dele”, afirmou.
Lembrou ter aceitado o pedido de impeachment no dia 2 de dezembro e que a primeira votação no Conselho de Ética ocorreu no 15.
“Então, ele falta com a verdade em todos os sentidos. Eu não vou ficar aqui batendo boca com ele, que busca polarizar comigo para tentar evitar a discussão”, declarou. “Essa não é a primeira vez que ele faz isso, tentando desviar o foco”.
O foco é ele mesmo, Eduardo Cunha, que comanda uma farsa política e jurídica montado na condição de réu do STF e de líder de uma quadrilha.
O elo mais forte e, paradoxalmente, mais fraco da corrente do golpe, o sujeito que, com seus apaniguados do PMDB, provocou o desabafo do ministro Barroso, do STF: “Meu Deus, essa é a nossa alternativa de poder”.
Arrancado de sua sociopatia, Cunha viveu menos um dia como o Predador de Schwarzenegger: “Se ele sangra, pode morrer”.