Vivo vai impor limite de consumo na banda larga fixa: 'Quem faz uso de streaming de vídeos, como o Netflix, terá de pagar mais'
As franquias de consumo de dados, já comuns nos planos de internet de smartphones e tablets, vão chegar à banda larga fixa. A Vivo informou que os novos contratos da Vivo Internet Fixa, o antigo Speedy, virão com uma cláusula que estabelece o bloqueio ou redução de velocidade após o limite atingido no mês.
De acordo com o Tecnoblog, o novo limite mensal varia entre 10 GB e 130 GB, dependendo da velocidade da internet contratada. Segundo o novo contrato a franquia ilimitada valerá até dezembro de 2016 e, após esse período, “poderá ocorrer o bloqueio ou redução da velocidade.”
A medida está sendo bem criticada nas redes sociais. No Facebook, foi criado no sábado o grupo “Movimento Internet Sem Limites” e tem mais de 330 mil curtidas. Também está rolando um abaixo-assinado “Contra o Limite na Franquia de Dados na Banda Larga Fixa“. A petição online, que conta com mais de 993 mil assinaturas, será enviada às operados que oferecem o serviço, como a Vivo, Oi, NET e Claro, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e aos Ministérios Públicos.
Mas, se depender da Anatel, a medida não enfrentará entraves para ser aplicada. Em uma entrevista ao site Convergência Digital, o superintendente de Competição da agência, Carlos Baigorri, afirmou que franquia em conexões fixas não só é esperada como é benéfica ao consumidor. “Não existe um único consumidor, então para quem está abaixo da média, consome menos, o limite é melhor. E pior para quem consome muito“, disse.
Na avaliação de Baigorri, a medida é positiva, já que hoje os usuários com menor consumo de dados pagam o mesmo do que os que consomem mais.
O site Manual do Usuário, no entanto, contesta que a franquia seja suficiente ao consumidor médio. Uma projeção feita pelo site mostra uma pessoa consome mais de 150 GB por mês numa banda larga de 5 Mb/s com uso básico, como navegação na web e e-mail, sem utilizar Netflix e YouTube todos os dias. Nos novos planos da Vivo, o limite é de 10 GB e 130 GB, dependendo da velocidade da internet contratada.
Em entrevista ao Tecnoblog, o Chief Revenue Officer da Telefônica Vivo, Christian Gebara, afirma que esse cálculo está errado e “exagerado“. Ele afirma que a Vivo fez uma “análise de consumo” e que apenas uma porcentagem “muito baixa” dos usuários atingiria o limite da franquia.
“[A medida] beneficiará quem faz uso leve, como e-mails e navegação. Quem faz uso de streaming de vídeos [como Netflix], por exemplo, naturalmente terá de pagar mais.”
Gebara disse que impor limite à internet fixa é uma “tendência mundial“. “É um caminho sem volta, por ser uma tendência adotada mundialmente“, disse ao Tecnoblog.
Procurada pelo HuffPost Brasil, a Telefônica Vivo esclarece que o limite vale apenas para quem adquiriu o serviço a partir do dia 05 de fevereiro deste ano, porém “com condições promocionais até 31/12/2016 de manutenção do serviço de internet sem bloqueio, mesmo após o término da franquia de dados contratada.”
Por nota, a empresa ainda disse que fará um trabalho prévio educativo, por meio de ferramentas adequadas, “para que o cliente possa aferir o seu consumo“. Ela acrescenta que a franquia de consumo de internet fixa já é praticada por alguns dos principais players do mercado.
De fato, o Telecom Americas, grupo formado pelas empresas Claro, NET e Embratel, utiliza a franquia de banda larga desde 2004. Porém, se o limite é ultrapassado, a internet não é cortada, mas a velocidade é diminuída para 2 Mbps, a menor oferecida pela empresa. Ao G1, a empresa informou que o modelo é praticado há anos e que está previsto no contrato. A Oi também adota o limite para internet fixa, mas não impõe restrições de uso, caso os limites sejam ultrapassados.
A Algar e TIM são as únicas que ainda não aderiram à franquia de dados na banda larga.
Luiza Belloni, HuffPost Brasil
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