"Talvez o que fiz se torne um símbolo. Espero que saia algo positivo dessa foto; se uma pessoa pode, qualquer uma é capaz", diz mulher que interrompeu marcha neonazista na Suécia
Em entrevista ao jornal inglês The Guardian publicada nesta quarta-feira (04/05), a ativista sueca Tess Asplund disse que espera que seu ato de protesto contra uma manifestação neonazista em seu país possa “ser um símbolo de que podemos fazer alguma coisa”. Uma foto de Asplund com um braço erguido em frente a líderes do SMR (Movimento de Resistência Sueca, na sigla em sueco) no último domingo (01/05) viralizou na internet.
“Espero que saia algo positivo dessa foto. Talvez o que eu fiz possa ser um símbolo de que nós podemos fazer alguma coisa — se uma pessoa pode, qualquer uma é capaz”, disse Asplund. O protesto, que contou com cerca de 300 neonazistas, ocorreu na cidade de Borlänge, a noroeste da capital Estocolmo.
“Sinto vergonha que nós tenhamos esse problema [na Suécia]. A polícia afirma que é um país democrático, que eles podem se manifestar, mas eles são nazistas! É horrível”, disse ela. “O racismo foi normalizado na Suécia. Eu pensava que em 2016 a Suécia fosse ter uma mente mais aberta, mas algo aconteceu”.
Asplund se identifica como afro-sueca é ativista do grupo Afrophobia Focus, de combate ao racismo no país. No ano passado, um relatório da ONU indicou que o racismo é “um extenso problema social” na Suécia, um dos países europeus em que movimentos de extrema-direita têm ganhado força e popularidade nos últimos anos.
“Eu tenho amigos que já foram atacados por eles [membros do SMR] e que tiveram que mudar de endereço. Recebi ligações feitas de madrugada por números privados em que gritaram comigo. É difícil falar sobre o ódio”, disse Asplund. “Os nazistas estão muito bravos, então estou um pouco ‘droga, talvez eu não devesse ter feito aquilo, eu quero paz’. Eles são fortes e loucos. É um sentimento confuso, mas estou tentando me manter calma”.
Sobre o momento em que interrompeu o protesto, Asplund disse que foi “um impulso”. “Eu estava tão irritada, eu apenas fui até a rua. Eu pensei ‘não, eles não podem marchar aqui, nenhum nazista vai marchar aqui’”, afirmou.
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Opera Mundi
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