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Crianças são amarradas a pedras enquanto mães trabalham

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Crianças que chegam a ter menos de dois anos são amarradas a pedras na calçada, expostas ao sol e sob temperaturas de mais de 40ºC na Índia enquanto mães trabalham

Shivani é uma criança de um pouco mais de um ano que passa pelo menos nove horas por dia, sob temperaturas de mais de 40ºC, amarrado a uma pedra na rua, perto de onde sua mãe trabalha.

Uma fita, com a inscrição “perigo”, está amarrada ao tornozelo dela em uma área de construção civil, onde ela chora constantemente e tenta se mover.

Sua mãe, Sarta Kalara, diz que não tem outra opção além de amarrar a pequena Shivani à pedra enquanto seu marido e ela trabalham para ganhar 250 rúpias (cerca de US$ 3,8, o equivalente a R$ 13,50) cavando buracos para cabos de eletricidade na cidade de Ahmedabad, na Índia.

“Ela fica amarrada para não ir para a rua. Meu filho mais velho tem 3 anos e não é capaz de controlá-la”, disse a mãe de 23 anos, escondendo o próprio rosto com seu sari enquanto a criança fica exposta.

“Esta área tem o trânsito muito movimentado, não tenho outra opção. Faço para a própria segurança dela”.

Enquanto Shivani, que já anda, está amarrada, os homens bebem água e as mulheres fazem uma pausa no trabalho para alimentar os filhos –alguns deles também amarrados às pedras pelo tornozelo.

Existem cerca de 40 milhões de pessoas trabalhando em construções na Índia, uma em cada cinco é mulher, e a maioria é de imigrantes pobres que mudam constantemente de cidade em busca de trabalho.

Pelo país, não é incomum ver crianças pequenas rolando na areia e na lama enquanto seus pais carregam tijolos ou cavam buracos nas ruas.

Muitas destas famílias vivem em tendas ou dormem a céu aberto, como a família de Sarta e Shivani.

A unidade indiana da ONG Save the Children diz que creches são raras e custam caro.

“Deveriam existir creches, tanto do governo como das construtoras. Deveria existir um lugar seguro para estas crianças. Nestes lugares, há o risco real de que elas se machuquem”, afirma Prabhat Jha, da Save the Children.

Reuters e UOL