Filha de Silvio Santos tentou se retratar após afirmar, em tv aberta, que gays não são normais. No entanto, Patrícia Abravanel continua confundindo preconceito com opinião
A declaração de Patrícia Abravanel sobre as relações homossexuais continua a nortear discussões na internet quase dois dias após sua participação no “Programa Silvio Santos”.
Durante o programa, Patrícia declarou, entre outras coisas, que é preciso firmar aos jovens “que homem é homem e mulher é mulher”; que homossexualidade “não é uma coisa normal”; que “não é contra o homossexualismo [sic]” e sim contra “falar que é normal”.
Ela ainda finalizou suas declarações com a seguinte pérola: “Mulher com mulher não é tão legal assim, eu acho. Não tem aquele brinquedo que a gente gosta bastante, não dá para brincar direito.”
Nesta terça-feira, a hashtag #PatríciaAbravanelMeRepresenta ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter, embora muitos tenham usado a expressão justamente para rechaçá-la.
Internautas, cientistas sociais ocasionais, militantes de todas as bandeiras debatem em torno de uma questão importante: a fala de Patrícia é opinião ou confirmação de preconceito? Ou seria a junção dos dois?
Desculpas
Depois da repercussão de suas declarações, a apresentadora usou seu Instagram para pedir desculpas.
“Peço desculpa se ofendi alguém ontem no ‘Jogo dos Pontinhos’. Dei apenas minha opinião, mas fui mal interpretada. Sou a favor do amor do respeito e da tolerância. Mais uma vez peço desculpas.”
O que Patrícia não entendeu é que opinião e preconceito são coisas totalmente diferentes. Falta informação em todos os pontos do discurso da apresentadora para que seu pensamento seja considerado uma opinião válida.
Isso porque:
1) Patrícia define seres humanos a partir do órgão sexual, confundindo gênero com orientação sexual;
2) Utiliza o termo em desuso homossexualismo para tratar da questão (quando o correto é homossexualidade);
3) Desrespeita todas as lésbicas que não precisam de um pênis para uma relação sexual completa.
É com base em discursos públicos vazios de informação, como o de Patrícia, que pessoas declaradamente homofóbicas se sentem livres para agredir e impedir a liberdade individual do outro. É esse tipo de declaração que está na base de números assustadores de LGBTfobia no Brasil.
Decepção
O ator da Globo Tiago Abravanel, que é sobrinho de Patrícia, classificou como “extremamente infeliz” a declaração da tia.
“Fiquei muito triste de ver esse posicionamento vindo de uma mulher que as pessoas esperam tanto que tenha uma mente aberta, e que é uma formadora de opinião, quer queira quer não. Não concordo com nada que a Pati disse. Acho que ela foi extremamente infeliz na colocação. Fiquei bem triste”, confirmou o neto de Sílvio Santos.
informações do jornal Extra e HuffPost Brasil