Garçom acusado de ser 'petista' é demitido do Palácio do Planalto
A mesquinhez do governo de Michel Temer se materializa na demissão de um garçom do Palácio do Planalto “acusado” de petista. José Catalão servia à Presidência há oito anos
A degola no Palácio do Planalto não vem poupando ninguém. Até agora, 324 servidores já perderam o cargo. Sobrou até para o garçom do terceiro andar, José Catalão, acusado de ser “petista”.
O garçom trabalhava no Palácio fazia oito anos. Sem filiação partidária, era considerado um dos funcionários mais queridos entre os palacianos.
Além de não ter vínculo partidário, ele se orgulhava de ter servido o presidente interino, Michel Temer, por diversas vezes.
Michel Temer certamente não assistiu (ou, se viu, desconsiderou) ao filme ‘O Mordomo da Casa Branca’ (The Butler), de 2013, estrelado por Forest Whitaker e Oprah Winfrey.
A película é baseada na história real de Eugene Allen, negro como o brasileiro José Catalão, mas que serve à Casa Branca durante 34 anos (oito governos presidenciais), independentemente do presidente que lá estivesse, democrata ou republicano.
Kiko Nogueira, jornalista e diretor do DCM, publicou nota sobre a demissão de José Catalão. Confira trechos:
Que o governo do interino é desastrado e desastroso já se sabe.
Declarações de ministros desmentidas em questão de horas, Cunha indicando líder da Câmara acusado de tentativa de homicídio, cortes no Minha Casa Minha Vida, mentiras sobre o currículo da primeira dama — tudo isso forma o caldo ruinoso da incompetência.
Mas é preciso acrescentar um ingrediente poderoso aí: a mesquinhez. Veja o que ocorreu com José Catalão, garçom do Planalto.
Segundo a Folha, há uma “caça às bruxas”. Catalão, que “servia à Presidência havia quase oito anos”, foi demitido.
Continua a nota: “Tido como um dos funcionários mais queridos entre palacianos, foi demitido pela equipe de Temer sob a ‘acusação’ de ser petista, relataram servidores. Catalão não tem vínculo partidário e se orgulhava de ter servido Temer em várias ocasiões”.
É um símbolo de uma mentalidade que tomou de assalto o Brasil.
Eles não querem mais gente como Catalão nos shoppings, nos aeroportos, nos palácios. Serão abatidos por corte de custos e sob a alegação de que, além de tudo, são comunistas ou petralhas.
O que esperar de um governo que manda embora um garçom porque ele é “petista”? Mais: que tipo de sub Eichmann vagabundo executa ordens dessa natureza numa boa? O que esperar do fulano que faz isso? Que tipo de orientação esses chefetes estão recebendo?
“Foi de mesquinharia em mesquinharia, de pequena em pequena coisa, que finalmente as grandes coisas se formaram”, escreveu Foucault.