Senadores que votarão o impeachment de Dilma nesta quarta-feira respondem a acusações como improbidade administrativa e corrupção. Tem também político cassado, como o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), ou que renunciou para fugir da cassação, a exemplo de Jader Barbalho (PMDB)
Homem branco, acima dos 60 anos, com formação universitária, patrimônio declarado à Justiça eleitoral na casa dos milhões de reais, tradição política de família, filiação a um partido de centro e carreira política longa. Muitas vezes, marcada por suspeitas.
Esse é um breve retrato da Casa que votará em plenário o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em plenário, nesta quarta-feira (11). Terá sido o segundo processo de destituição presidencial em menos de 25 anos. As informações são do Congresso em Foco.
Outro levantamento apresentado pela BBC Brasil e pela ONG Transparência Brasil reforça a informação. De acordo com a análise, 58% dos que votarão o impeachment de Dilma Rousseff respondem a acusações como improbidade administrativa e corrupção passiva em tribunais.
A cara de Renan
Um Senado que é a cara do seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL). Pai de governador, irmão de deputados e prefeito, Renan tem 60 anos de idade, quase 40 deles passados em cargos públicos. Dono de um patrimônio declarado de R$ 2 milhões em 2010, o peemedebista responde a 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), dos quais nove relacionados a fatos apurados pela Operação Lava Jato. Em 2007, o senador abriu mão da Presidência da Casa para não ser cassado. Por duas vezes, naquele ano, escapou da degola em votação secreta.
Mesmo com tantas pendências, conduzir o processo de impeachment não tem causado qualquer constrangimento a Renan. A bancada que o presidente do Senado lidera é numerosa. Reúne um em cada três integrantes da Casa.
Um senador condenado a quase cinco anos de prisão, um ex-presidente da República afastado do mandato em processo de impeachment, 24 investigados por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro – 13 deles suspeitos de participar do maior esquema de corrupção descoberto no Brasil nos últimos tempos.
Político cassado, como o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), ou que renunciou para fugir da cassação, a exemplo de Jader Barbalho (PMDB-PA), o outrora poderoso presidente do Senado. Assim como Renan, Cássio e Jader também aparecem na planilha apreendida na casa de um executivo da Odebrecht com nomes e valores atribuídos a políticos. Entre eles, 16 senadores. Todos negam envolvimento em irregularidades.
Citados na lista da Odebrecht
Aécio Neves (PSDB-MG)
Ana Amélia (PP-RS)
Armando Monteiro Neto (PTB-PE)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
José Agripino (DEM-RN)
José Serra (PSDB-SP)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Vanessa Graziottin (PCdoB-AM)
Orientação partidária
Centro (29)
Centro-direita (18)
Esquerda (13)
Centro-esquerda (12)
Direita (6)
Sem partido (3)
Total (81
Sexo
Homens – 70
Mulheres – 11
Cor
74 brancos
6 pardos
1 negro
Os mais ricos
Tasso Jereissati (PSDB-CE) – R$ 389 milhões
Blairo Maggi (PR-MT) – R$ 152,4 milhões
Eunício Oliveira (PMDB-CE) – R$ 99 milhões
Eduardo Braga (PMDB-AM) – R$ 27,2 milhões
Fernando Collor (PTB-AL) – R$ 20,3 milhões
Escolaridade
72 têm nível superior completo
5 têm nível superior incompleto
4 têm ensino médio
Média de idade
64 anos
O mais idoso
José Maranhão (PMDB-MA) – 82 anos
O mais jovem
Gladson Cameli (PP-AC) – 38 anos
Congresso em Foco, BBC Brasil e ONG Transparência Brasil
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