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A aula de história de Sônia Braga ao ministro da Cultura

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Atual ministro da Cultura, Marcelo Calero definiu o protesto de Sonia Braga e do elenco do filme Aquarius no tapete vermelho do Festival de Cannes como “quase infantil”. A veterana atriz rebateu a crítica com uma aula de história

A atriz Sônia Braga e Marcelo Calero, atual ministro da Cultura de Michel Temer

A atriz Sônia Braga, estrela do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, rebateu as críticas do atual ministro da Cultura, Marcelo Calero, que definiu o protesto de elenco e equipe do filme no tapete vermelho do Festival de Cannes como “quase infantil”.

A veterana estrela do cinema respondeu a crítica com uma ‘aula de história’.

E tom professoral, Sônia resgata informações sobre a criação da Lei que regulamenta a profissão de artista no Brasil, promulgada em 1978; recorda seu papel de destaque na história do cinema brasileiro e declara que a ofensa do ministro aos artistas brasileiros “é inadmissível”.

No Facebook, a atriz escreveu: “O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora”. Ela cita ainda a luta para a conquista de melhores condições para os atores nacionais, lembrando que foi a maior estrela do cinema nacional nos anos 1970 e 1980, chegando a divulgar filmes no exterior.

“Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos. E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos – também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura”, diz Sônia.

O diretor Kleber Mendonça também se pronunciou via Facebook. Ele compartilhou uma notícia do New York Times que dava “medalha de ouro da corrupção” ao presidente interino Michel Temer. “Talvez isso aqui redefina sua noção de o nosso país passar vergonha internacionalmente”, escreveu.

Entenda o caso

Durante o Festival de Cannes, realizado em maio, o cineasta Kleber Mendonça, a atriz Sonia Braga, Maeve Jinkings e outros integrantes do filme Aquarius exibiram cartazes com dizeres do tipo: “54 milhões de votos foram queimados”; “Nós resistiremos” e “O povo não pode aceitar um governo ilegítimo”.

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