Mutilação genital feminina é também praticada nos EUA. Em alguns casos, médicos realizam a aberração em clínicas particulares a pedido dos pais. Outras vezes, a violência é cometida na casa das famílias que pagam pelo serviço
Mariya Taher, americana que sofreu mutilação genital na Índia quando tinha 7 anos de idade, denuncia que a prática também existe nos Estados Unidos.
“Minha irmã sofreu isso nos EUA”, disse ela à emissora ABC News. “Eu me lembro dela chorando e que não podia vê-la. Na época eu era uma criança inocente e achava que isso acontecia com todas as mulheres e agora era a vez da minha irmã”, completou.
Temendo represálias, Mariya já tinha dado uma entrevista à mesma emissora em 2015, mas escondendo o rosto e utilizando um nome falso. No último dia 22/6, ela revelou sua identidade com o objetivo de incentivar outras americanas que sofreram a mesma violência a fazer o mesmo.
Hoje ela vive em Cambridge, Massachusetts, e faz parte de um grupo de estudos e ativismo que denuncia a prática da mutilação genital feminina.
Mariya afirmou que sua “operação” aconteceu em Mumbai, na Índia, quando foi levada para fazer as “férias do corte” (vacation cutting).
Muitas americanas filhas de imigrantes são enviadas para o exterior para sofrerem a mutilação, mas o governo americano reconhece que a aberração também é ilegalmente praticada nos EUA. Em alguns casos, médicos realizam o procedimento em clínicas particulares a pedido dos pais. Outras vezes, a violência é praticada na casa das famílias que pagam pelo serviço.
Neste ano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, órgão subordinado à Secretaria de Saúde dos EUA, estimou que o número de mulheres e meninas que podem ter sofrido o procedimento no passado, ou podem estar em risco de sofrer o processo no futuro, mais do que triplicou entre 2000 e 2013. A agência estimou que mais de 500.000 meninas e mulheres americanas já sofreram ou ainda podem sofrer mutilação genital.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as mutilações genitais femininas afetam entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres no mundo e esta prática se estendeu nos últimos anos aos países ocidentais por causa do aumento dos fluxos migratórios. O procedimento é praticado por razões culturais ou religiosas.
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