Repórter interrompe entrevista após ser chamada de gorda, ao vivo
Repórter interrompe transmissão ao vivo para responder ataques gordofóbicos. Mais tarde, em sua página no Facebook, Samanta Vincentini publicou um desabafo e deu uma lição sobre empoderamento
Na última terça-feira (07/08), a repórter Samanta Vicentini, do jornal Extra, estava fazendo uma entrevista ao vivo pelo Facebook quando começou a receber mensagens agressivas e de tom preconceituoso.
“Gorda”, “que leitoa”, “odeio gorda”, “sou gordofóbico”, diziam os xingamentos publicados por um leitor.
A repórter interrompeu a entrevista para responder ao agressor. “Eu tenho espelho em casa. Eu sei [que sou gorda] e isso pra mim não é ofensa. Gordo emagrece. Falta de caráter é pior que gordura. Isso aqui é só nossa embalagem”.
O jornal Extra afirmou que “Comentários discriminatórios de qualquer natureza, em especial quanto a sexo, cor, raça, religião, idade ou situação econômica não serão tolerados” e comunicou que tomará as “medidas judiciais necessárias.”
Mais tarde, em sua página no Facebook, Samanta publicou um desabafo. Leia a íntegra do texto abaixo:
Hoje aconteceu um negócio meio chato, então eu queria contar uma historinha.
Um cara me chamou de “gorda”, “gorducha”, “leitoa” e ainda completou com “odeio gorda” e “sou gordofóbico”, enquanto eu entrevistava uma convidada em uma das transmissões ao vivo que faço no Jornal Extra.
Foi a primeira vez que isso aconteceu e confesso que fiquei sem reação na hora.
Mas, vem cá. eu sei que sou gorda, sabe? Tenho espelho em casa. Eu sei o tamanho de roupa que uso. Sou uma mulher de 1,80 e sei que não sou pequena e estou longe de ser “Gisele”.
Por um segundo eu me importei, confesso. Fiquei triste, sim, apesar de saber que sou gorda, mas isso é uma característica do meu corpo, não define quem eu sou.
Mas, eu tenho um sério problema de autoestima e isso mexeu comigo.
Porque é assim: eu sou gorda mas isso só tem que incomodar EXCLUSIVAMENTE a mim, sabe por quê? É o MEU corpo. EU que tenho que falar dele quando e como EU quiser.
Aí, naquele segundo em que fiquei triste, me senti ridícula. Me senti inapropriada e toda aquela insegurança que me perseguia – e que sempre lutei contra – afloraram.
No segundo seguinte me dei conta de onde estava e o que estava fazendo. Porra, meu trabalho é legal pra caralho! Todos os dias recebo um montão de mensagens de leitores do Extra que falam que as entrevistas são legais, que são esclarecedoras, que as pautas são bacanas. Imediatamente vários leitores que estavam acompanhando entraram em minha defesa com muito carinho. E, por isso, eu agradeço de coração.
Eu tinha duas opções: ficar quieta e ignorar ou dar uma leve pausa na transmissão e responder ao vivo.
Ee tem uma coisa que o feminismo me ensinou é: não ficar calada. Sabe por quê? Porque eu não estou sozinha. Eu pedi licença para a minha convidada e falei o que eu acho, que foi mais ou menos o que escrevi acima, mas de forma resumida.
E o jogo seguiu e a entrevista foi superlegal!
Pode me chamar de gorda à vontade. Isso é só o meu corpo e eu sei que, por enquanto, ele é gordo mesmo, mas eu posso emagrecer. Agora, pra falta de caráter, ainda não inventaram remédio.