André Falcão*
Sabe uma esculhambação? Pois é como o Brasil pós-golpe está. Fosse enumerar todos os atos ou fatos que se desnudaram desde o afastamento (temporário) da presidenta ─ aquela a quem os golpistas (ou que os apoiam) cinicamente atribuem a prática de crime de responsabilidade ─, não haveria incenso que amenizasse o odor. É um show de hipocrisia, canalhice e covardia para inglês (e toda a europa e o resto do mundo) ver(em) ─ e repercutir(em).
Os jornais mais respeitados do planeta acusam que o impeachment é golpe. Só a grande mídia nacional, até porque agente intere$$ada no golpe, postou-se coerentemente com o que é: golpista desde o seu DNA. A reação da mídia internacional e das massas populares amplificou-se com as gravações de Jucá e Sarney, e agora com o Fabiano, Min da Transparência (ironia das ironias). O golpe, que já era facilmente visualizado, tornou-se escancarado. Países já se negam a reconhecer um eventual governo Temer, ou dão sinais assim o farão. Em qualquer nação para onde vá autoridade brasileira, é estridentemente achincalhada (ou ignorada). Foi assim com Serra, com FHC, com magistrados. Um horror! Uma vergonha!
Acabaram com o respeito e o reconhecimento internacional que conquistamos nos últimos treze anos. Voltamos a ser uma republiqueta latino-americana de instituições corruptas e golpistas. Este crime que estão impingindo ao país não tem perdão. À frente, exceções de sempre, uma cambada de parlamentares corruptos que golpeou a democracia para apear do poder a presidenta e, assim, confessadamente trancar a Lava Jato, num enorme acordo que envolveria as principais instituições da renascida republiqueta.
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O STF, por sua vez, vem demonstrando, por suas atitudes e omissões, não apenas estar acovardado, como disse Lula, mas cúmplice do golpe. O mesmo STF que lhe cuspiu fogo — doído porque tachado de covarde em conversa privada criminosamente vazada para a mídia pelo juiz de Curitiba sintomaticamente às vésperas da votação do pedido de impeachment e com farta repercussão midiática —, que impediu a posse do ex-presidente como ministro do governo ora deposto, e que incontinenti determinou a prisão do covarde Delcídio, silencia face à nomeação de oito ministros investigados pela Lava Jato, e sobre o seu próprio envolvimento no golpe, atribuído pelo Jucá. Gilmar Mendes dispensa comentários. Houvesse justiça já estaria fora do Supremo. Mas o Brasil deixou de ser um estado democrático e de direito.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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