Com a voz embargada e lágrimas nos olhos, Eduardo Cunha anuncia renúncia à presidência da Câmara Federal. O deputado falou das acusações de desvio de dinheiro público que pesam contra ele, sua esposa e sua filha e se disse orgulhoso de ser o responsável por "livrar o Brasil do governo criminoso do PT"
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) alegou perseguição de aliados da presidente Dilma Rousseff, dos seus inimigos políticos na Câmara e do Ministério Público Federal como justificativa para o seu pedido de renúncia ao cargo de presidente da Casa feito no início da tarde desta quinta-feira.
A carta em que Cunha abre mão do cargo já foi protocolada na Secretaria Geral da Mesa. “Não tenho dúvidas, inclusive, de que a principal causa do meu afastamento reside na condução desse processo de impeachment da presidente afastada”, diz a carta de Cunha.
Na carta de renúncia o deputado diz que sofre “da seletividade do órgão acusador que atua com relação a mim diferentemente do que com outros investigados no mesmo foro”, diz a carta de Cunha referindo-se ao Ministério Público Federal, responsável pela investigação e denúncia contra parlamentares que só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
“Após a decisão da Câmara de instaurar o processo e impeachment em 17 de abril de 2016, seis novos inquéritos foram abertos contra mime duas novas denúncias foram apresentadas”, escreveu o agora ex-presidente da Câmara. O deputado alega que estas iniciativas do MPF ocorriam sempre às vésperas de votações no conselho de ética.
No discurso que fez no salão nobre da Câmara para anunciar seu afastamento do cargo, Cunha não pronunciou a palavra renúncia. Mas ele utiliza o termo logo no início da carta que protocolou. Cunha renuncia em meio ao seu processo de cassação por quebra de decoro e já com o pedido de cassação do mandato definido pelo Conselho de Ética e à espera de votação pelo plenário.
Chorando e com a voz embargada ele disse que sua família está sendo perseguida de forma cruel e desumana e citou a mulher Claudia Cruz, também ré na Lava Jato, como ele, e a filha Dainelli, investigada pela Polícia federal a mando do juiz Sergio Moro.
No final da carta de renúncia, Cunha deseja sucesso ao presidente interino Michel temer e ao futuro presidente da Câmara que deverá ser eleito em no máximo cinco sessões.
Salvação
Fora da presidência da Câmara, Eduardo Cunha vai tentar salvar o mandato parlamentar e evitar a cassação já pedida pelo Conselho de Ética e à espera de definição final no plenário da Câmara.
Os seus aliados pretendem anular todo o processo e reiniciar o julgamento. A alegação é que houve falha na análise das contra provas apresentadas por Cunha no colegiado.
Um dos mais íntimos amigos de Cunha, o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), apresentou na Comissão de Constituição e Justiça um parecer pedindo a anulação da decisão do conselho de Ética. A decisão final da CCJ ocorrerá na próxima semana.
Cunha tem sido aconselhado por seus aliados a renunciar há pelo menos 15 dias. Chegou a conversar sobre o assunto com o presidente interino Michel Temer, em reunião no Palácio do Jaburu, mas não se decidiu. Ele não pode exercer o mandato e nem comparecer à Câmara para conversar com seus colegas por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Com a renúncia ao cargo, Cunha deixará a residência Oficial da Câmara e perderá as regalias como segurança especial e carro oficial.
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