Jornalista, professor titular da USP e guru político de Michel Temer sugere a morte de Dilma Rousseff, por acidente ou suicídio, e recebe apoio e críticas na internet. Diante da polêmica, Gaudêncio Torquato, assessor de Temer há 30 anos, tentou se defender
O jornalista, professor titular da USP, consultor de comunicação e assessor político de Michel Temer há mais de 30 anos, Gaudêncio Torquato, foi criticado no Twitter uma publicação que pode ser interpretada como uma sugestão de suicídio à presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
Ao lembrar que agosto pode ser o mês de conclusão do processo de impeachment de Dilma no Senado, Torquato escreveu:
“Quem foi que deu um tiro no peito em 24 de agosto de 1954? O pais do pobres, Getúlio Vargas. E quem morreu em acidente em 22 de agosto de 1976? JK.” E continuou: “Esse mês de agosto é muito anotado na história política do Brasil. Viu, Dilma?”
O comentário motivou respostas que incitam violência contra a presidente eleita, como esta:
Outro escreveu a Torquato: “O povo deseja demais destruir e extirpar todos os PTistas do poder de forma definitiva mesmo. (comidinha de piranhas). Se a vaca [Dilma] não for expulsa para o RS definitivamente, alguns populares deverão esquartejá-la em breve.”
Indignado, um usuário respondeu ao jornalista: “Meu deus, o que é isso? Que nível é esse? Você está sugerindo que a presidente deve morrer ou se matar? Perdeu a noção?” Toquarto rebateu, ironicamente: “A dedução é sua! No máximo, vejo impeachment! Sem exageros, cara pálida.” E foi retrucado: “Não vi impeachment nos seus exemplos. Só morte. Faz bobagem e depois fica pagando de desentendido, né? Agora já foi, sabidão.”
Ao perceber a polêmica em torno de sua publicação, Torquato se defendeu: “Lembrei que agosto é mês aziago na história brasileira! Apenas isso! Dizer que defendo morte de presidente é mesmo coisa de petista radical”, disparou. “Lembrar fatos ocorridos em agosto é ler a história! E dizer que por volta de 25 [de agosto] decide-se impeachment de quem arrombou o Brasil!”, complementou.
Depois, voltou a usar a expressão “veneno de ratazana” contra petistas “radicais”. Dessa vez, respondendo a críticas por ter postado sobre investigação contra “os presentes recebidos” por Lula e Dilma.
O papel de Torquato
Segundo informação da Folha, Torquato é quem tem dado orientação a Temer sobre o que fazer com seu governo interino desde que o impeachment passou a ser provável. Foi ele quem sugeriu que o peemedebista deixe claro que não pretende ser candidato a presidente em 2018 – mesmo que essa seja sua pretensão, caso não tenha mais problemas com a Justiça Eleitoral.
Ainda de acordo com a Folha, Torquato costuma, em encontros semanais, “analisar e traçar cenários políticos” para Temer. Ele disse, em entrevista, que Temer quer ser visto como o “presidente de transição que organizou o país para a grande mudança”.
Foi Torquato também quem apontou que Temer largaria como presidente interino formando um “ministério de notáveis” – coisa que não deu muito certo, como se pôde ver após a constatação de que 30% do primeiro escalão é alvo da Lava Jato.
A escolha de Henrique Meirelles para a Fazenda no lugar de José Serra também passou pela avaliação de Torquato, que aconselhou Temer a não nomear para a pasta alguém que pudesse usá-la de trampolim para 2018, sob pena de criar conflito entre a base aliada.
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