Família de ex-presidente da Andrade Gutierrez, preso na Lava Jato, brinca sobre compra de votos para Aécio Neves. Diálogo divulgado aconteceu através do WhatsApp
Em conversa com as filhas em 2014, a uma semana do segundo turno das eleições presidenciais, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo, sugere, em tom de brincadeira, a compra de votos em favor do então candidato Aécio Neves (PSDB). As informações foram divulgadas pelo Estado de S.Paulo.
“Mamãe ligou pra Cleide hoje e disse pra ela que vai dar R$ 100 pra ela caso ela consiga 50 votos pro Aécio!!! kkk”, diz uma das filhas do executivo. A outra responde “Eu dou R$ 50.000 pra mamãe se ela conseguir fazer a Raquelzinha filha da Constança votar no Aécio!!!”
Otávio Azevedo interrompe: “Crime eleitoral, pode impugnar o Aécio se vazar.”
A primeira filha diz então que era apenas uma brincadeira e o empresário responde “É lógico que sim, eu estava do lado dela quando ela falou! Fique tranquila, foi gozações (sic)”.
As mensagens foram trocadas em 17 de outubro.
Delator da Lava Jato, Azevedo cumpre pena em prisão domiciliar. No ano passado, a Polícia Federal apreendeu em sua casa na capital paulista sete aparelhos celulares, que revelaram detalhes do esquema de corrupção na Petrobras e o apoio de seus familiares ao candidato tucano derrotado nas eleições de 2014.
Delações
Alvo da Operação Lava Jato, Otávio Azevedo fez acordo de delação premiada e cumpre prisão domiciliar. Após fazer um acordo de leniência, a Andrade aceitou devolver R$ 1 bilhão.
O senador Aécio Neves foi citado por vários delatores na Lava Jato, inclusive pelo principal deles, o doleiro Alberto Yousseff. De acordo com ele, o tucano foi o mentor intelectual de um mensalão em Furnas, que distribuía mesadas de US$ 100 mil a parlamentares – entre eles, o finado José Janene, que foi sócio de Youssef.
Na segunda delação, o lobista Fernando Moura afirma que um terço da propina em Furnas era destinada ao líder da oposição.
Na terceira, o entregador de propinas Carlos Alexandre de Souza Rocha, o “Ceará”, afirmou que Aécio era “o mais chato” cobrador das entregas de recursos da empreiteira UTC.
O senador tucano também foi citado por Delcídio do Amaral (sem partido-MS). “Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas [Toledo, ex-presidente de Furnas] operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves”, diz trecho da delação.
Outra citação ao ex-governador de Minas veio lobista Fernando Moura. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, ele disse que Furnas era uma estatal controlada pelo hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) no governo Lula, e que o esquema de propina se assemelhava ao instalado na Petrobras: “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”.
AE/247
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