O que se sabe até agora sobre o ataque em Nice? Confira a cronologia do ataque que matou 84 pessoas e deixou outras 50 em estado grave e saiba como a França reagirá. Vizinhos revelam o perfil do responsável pelo atentado. Vídeo mostra ainda momento em que a polícia atira no caminhão do agressor
Sete meses após os atentados em Paris, um novo ataque deixou pelo menos 84 mortos em Nice, na França. As vítimas – muitas delas crianças – participavam da comemoração da Queda da Bastilha, o feriado mais importante do país.
A França está em estado de emergência desde os atentados de novembro e a segurança está reforçada em todo o país. Serviços de inteligência já haviam alertado para o risco de novos ataques.
O pânico começou pouco após às 22h30 do horário local (17h30 no Brasil), logo após milhares de pessoas assistirem à queima de fogos na orla de Nice no 14 de julho, o principal feriado na França, que celebra a Queda da Bastilha,
Havia uma atmosfera de celebração e a multidão havia assistido a uma demonstração da força aérea durante o evento.
Enquanto as famílias caminhavam pela famosa via Promenade des Anglais, um grande caminhão branco avançou em alta velocidade em direção a elas. O veículo subiu no meio-fio e depois voltou para a pista, fazendo um zigue-zague por cerca de 2km enquanto o motorista avançava contra a multidão deliberadamente.
Centenas de pessoas foram atropeladas. Após 2km, a polícia finalmente conseguiu parar o caminhão perto do hotel de luxo Palais de la Mediterranee.
“Eu estava no Palais de la Méditerranée quando vi um caminhão em alta velocidade atropelando as pessoas. Vi com meus próprios olhos, as pessoas tentaram parar o veículo”, disse uma testemunha.
O atirador abriu fogo contra a multidão, de acordo com relatos do local. A polícia atirou de volta e o motorista acabou sendo morto.
Imagens mostram o para-brisa e a parte da frente do caminhão atingido por balas. Autoridades do Ministério do Interior disseram que o atacante havia sido “neutralizado”.
Até o momento, foram confirmadas 84 mortes. Segundo o presidente François Hollande, muitas crianças estão entre as vítimas.
Cerca de 50 pessoas ficaram feridas em estado grave.
QUEM ESTAVA DIRIGINDO O CAMINHÃO?
O motorista foi identificado como um franco-tunisiano de 31 anos: Mohamed Lahouaiej-Bouhlel. Sua identidade foi encontrada dentro do veículo.
Os agentes encontraram armas e uma granada dentro do caminhão, mas depois disseram que elas eram falsas.
A princípio, não ficou claro se ele estava agindo sozinho. Houve rumores – que mais tarde se provaram falsos – de que havia reféns em dois hotéis próximos.
Moradores foram aconselhados a ficar dentro de casa devido à possibilidade de novos ataques.
COMO AS AUTORIDADES REAGIRAM?
Logo após o incidente, ficou claro que muitas pessoas haviam morrido, mas a escala do desastre ainda não estava clara. Os mortos e os feridos foram levados para o hospital Centre Hospitalier Universitaire de Nice.
Na área no entorno de Nice, o alerta anti-terrorismo foi elevado para o nível mais alto.
O presidente François Hollande estava em visita a Avignon mas voltou para Paris, onde se uniu ao primeiro-ministro Manuel Valls em uma reunião de emergência.
QUEM ESTÁ POR TRÁS DO ATAQUE?
Não demorou muito para o presidente Hollande dizer que “a natureza terrorista do ataque não podia ser negada”.
Os promotores anti-terrorismo em Paris iniciaram um inquérito por homicídio e tentativa de homicídio como parte de um ataque terrorista.
Mais cedo, a agência de inteligência da França, o DGSI, havia alertado para o risco de ataques de militantes islâmicos com “veículos com armadilhas e bombas”.
O grupo autodenominado Estado Islâmico não se responsabilizou pelo ataque. Os militantes do EI atacaram a França diversas vezes desde janeiro de 2015.
Horas antes do ataque em Nice, Hollande anunciou que o estado de emergência na França chegaria ao fim no final do mês. Após o ataque, ele anunciou que ele seria prolongado por três meses.
“Temos que fazer todo o possível para lutar contra este tipo de ataque”, disse o presidente. “Toda a França está sob ameaça do Estado Islâmico.”
VÍTIMAS BRASILEIRAS
Em entrevista exclusiva à rádio Jovem Pan, a cônsul-geral do Brasil em Paris, Maria Edileuza Fontenele Reis, afirmou que o Consulado segue no atendimento aos brasileiros na França e confirmou que, até o momento, há apenas um brasileiro ferido.
“Estamos acompanhando os desdobramentos desde o momento do ataque. Até o momento não temos notícias de vítimas brasileiras gravemente feridas ou até mesmo vítimas fatais. Esperamos que continue assim. Há um brasileiro com ferimento leve”, contou.
Uma brasileira procurou o Consulado, mas segundo a cônsul, o ferimento leve – um arranhão na perna – desta “não foi decorrente do episódio em si”. Segundo Maria Edileuza Reis, a brasileira estava se afastando do local e, por isso, arranhou a perna.
VÍTIMAS DE OUTRAS NACIONALIDADES
Além dos franceses, pessoas de várias nacionalidades foram mortos na noite de quinta-feira no atentado de Nice. Seguem as origens das primeiras vítimas não francesas identificadas:
Três alemães, um professor e duas alunas ensino médio, de acordo com informações da imprensa alemã. Dois americanos, de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby.
De acordo com o jornal texano Austin American-Statesman, as vítimas são Sean Copeland, de 51 anos, e seu filho Brodie, de 11. Moradores do Texas, eles estavam passando férias em família em Nice, depois de uma estadia na Espanha, em Barcelona e Pamplona.
Uma mulher suíça, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores do país, que não forneceu mais detalhes. De acordo com a agência suíça ATS, o município de Caslano, da região do Ticino, no sul da Suíça, confirmou a morte de uma mulher de 54 anos.
Uma mulher russa também perdeu a vida no atentado, informou o Ministério de Relações Exteriores da Rússia no Facebook. O ataque também matou uma mulher armênia, de acordo com um comunicado do Ministério de Relações Exteriores do país.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia anunciou a morte de um cidadão do país, sendo que outro foi ferido.
BONO VOX
O vocalista do U2, Bono Vox, estava jantando em um restaurante de Nice durante o ataque da noite de ontem (14) com um caminhão na Promenades des Anglais.
De acordo com o jornal “Le Figaro”, nem o artista nem os outros clientes do restaurante ficaram feridos. O restaurante La Petite Maison é comandando pelo chef Alain Ducasse e fica na rue Saint-François De-Paule, paralela à Promenade des Anglais.
Em novembro do ano passo, o U2 adiou um show em Paris devido à série de atentados cometidos pelo Estado Islâmico. As apresentações estavam marcadas para os dias 14 e 15 de novembro, logo após aos ataque daquela sexta-feira 13.
“SOLITÁRIO”
À agência AFP, vizinhos classificaram Mohamed Lahouaiej-Bouhlel como uma “figura solitária e silenciosa”, que raramente falava com as outras pessoas que moravam no mesmo edifício de quatro andares, localizado em uma região de classe operária de Nice.
Um vizinho identificado como Sebastien afirmou que Lahouaiej-Bouhlel não tinha aparência de uma pessoa religiosa. Outra vizinha, Alexia, disse à AFP que falou apenas uma vez com ele, quando cortou um medidor elétrico errado.
Uma família numerosa, que também vive no mesmo prédio, afirmou que o jovem nunca os cumprimentava. Outra moradora do térreo, Anan, disse que não confiava nele porque “olhava com muita insistência para suas duas filhas”.
Ele tinha uma van, estacionada perto de sua casa, e uma bicicleta, que costumava levar para dentro de seu apartamento.
De acordo com a imprensa francesa, o homem já havia cometido delitos, mas não era apontado como potencial terrorista. Autoridades da Tunísia também disseram, à agência Reuters, que desconheciam atividades suspeitas de Lahouaiej-Bouhlel.
POLÍCIA ATIRA NO CAMINHÃO
Um vídeo mostra o momento em que a policia atira na cabine do caminhão dirigido por Mohamed Lahouaiej-Bouhlel e que avançou sobre a multidão em Nice, durante o feriado da Bastilha. Assista abaixo:
com informações de agências internacionais, Reuters, BBC e AFP
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