Como foi o 1º debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo
Debate na Band entre Fernando Haddad, Marta Suplicy, Celso Russomanno, João Doria e Major Olímpio teve troca de farpas e momentos constrangedores. Excluída do debate, Luiza Erundina protestou
A Band realizou na noite de ontem e início da madrugada de hoje (21) o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. Participaram do evento o atual prefeito e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), Marta Suplicy (PMDB), Celso Russomanno (PRB), João Doria (PSDB) e Major Olímpio (Solidariedade).
A candidata do Psol, Luiza Erundina, foi excluída do debate por ter sido vetada por Marta, Doria e Olímpio, que não concordaram com sua participação. Erundina e militância promoveram o ato político “por democracia nos debates”, nas imediações da emissora.
Depois de várias provocações, Haddad respondeu aos ataques do candidato Major Olímpio (SD), cuja participação se resumiu a agressões de baixo nível ao prefeito, à defesa “da lei” e da polícia e discurso contra a corrupção, destoando do tom relativamente cordial dos candidatos.
O prefeito respondeu a Olimpio que o combate à corrupção, para ter resultados concretos, depende de que “todo mundo que cometeu erros pague pelos crimes”. “Toda corporação tem maus elementos”, disse, sobre as polícias. “Isso vale para o PMDB da Marta, que tem vários indiciados, para o PSDB, e o partido do senhor não vou nem comentar”, afirmou o prefeito, dirigindo-se ao candidato policial. “O Paulinho da Força é sobejamente conhecido”, disparou Haddad, sobre o deputado do mesmo Solidariedade de Olímpio.
O prefeito defendeu as realizações de sua gestão, como os corredores e faixas de ônibus, as políticas de educação e trânsito, que, segundo ele, diminuiu em 24% o número de vítimas fatais depois da redução dos limites de velocidade. Mencionou o transporte público, Passe Livre do Estudante, Bilhete Único Mensal e outros projetos.
Lembrou ter incentivado, como ministro da Educação, o acesso de pessoas pobres à universidade. “Caro é a ignorância”, afirmou. A frase é emblemática num momento de retorno dos princípios do neoliberalismo no país.
Ao lembrar que não havia ônibus durante a madrugada antes de sua gestão, mencionou que o metrô não é uma opção durante a noite na cidade até hoje, sem dizer objetivamente que a responsabilidade pelo sistema metroviário é do governo do Estado, no caso o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Mas, em outro momento, Haddad lembrou o eleitor do caráter privatista dos tucanos, ao se dirigir a Doria. “Você quer cortar custos em áreas prioritárias”, disse, aproveitando gancho de Marta Suplicy, que começou sua participação chamando o tucano a explicar o fato de ele ter chamado de “penduricalhos” programas para jovens, deficientes e negros.
O tucano negou que suspenderia programas e que os “valorizaria”. “Não fiz cortes porque não assumi a prefeitura”, disfarçou. Mas manteve a indisfarçável característica postura neoliberal afirmando que não vai “aumentar a estrutura do Estado” e, de modo geral, prometeu vagamente “apoiar quem mais precisa”.
Haddad, mais uma vez, colou a pecha de privatista no tucano, ao lembrar que Doria já comentou que pretende mexer nas faixas de ônibus. O candidato do PSDB, novamente minimizou. “Não disse que vou retirar, disse que vou estudar.”
No mês passado, o candidato do PSDB declarou que fará “uma concessão das faixas exclusivas de ônibus”. “Vai ser o setor privado que vai administrar”, prometeu.
Em entrevista ao El País no final do ano passado, já contando que seria o candidato do PSDB, Doria declarou: “Vamos começar vendendo o estádio do Pacaembu, o autódromo de Interlagos e o parque de convenções do Anhembi”.
Ao final do debate, Haddad mais uma vez poupou o tucano de críticas objetivas, quando Doria se despediu dizendo ao prefeito que “quem gosta de fazer turismo é seu partido, principalmente à Suíça e a Curitiba”, em alusão a investigações criminais e à Lava Jato. Haddad poderia ter lembrado a série de denúncias contra tucanos, como o caso do metrô paulista, mas não respondeu.
Celso Russomanno se manteve cauteloso, escolado com a queda nas eleições de 2012, quando liderava as intenções de voto nas pesquisas até propor mudar as regras do bilhete único, para que o passageiro pagasse por trecho percorrido, e despencou na reta final.
Mesmo assim, o candidato do PRB não deixou de enveredar pela polêmica, ao trazer a ideia de verticalizar as creches. “Se verticalizar, vamos de fato atender as mães que precisam, inclusive no período noturno.”
Marta Suplicy defendeu os CEUs como legado de sua gestão como prefeita e se defendeu do apelido de “Martaxa”: “Quando a gente faz um erro a gente tem que aprender e ter humildade”, disse. E pediu desculpas por ter criado a chamada taxa do lixo, durante sua gestão (2001-2004).