Michel Temer despreza Dilma no Senado: "Não tive tempo de acompanhar"
Apesar de ser considerado um dos momentos políticos mais importantes da história do Brasil, Michel Temer disse que não teve tempo para acompanhar o discurso e as respostas de Dilma Rousseff no julgamento do impeachment no Senado Federal
A presidente afastada Dilma Rousseff está discursando aos senadores desde a manhã desta segunda-feira (29), no que é tido como um dos principais momentos políticos da história brasileira.
Mesmo assim, questionado pela imprensa sobre o pronunciamento da petista, o presidente interino Michel Temer, que passou toda a manhã no Palácio do Jaburu – residência oficial da vice-presidência da República – disse que “não teve tempo” nem a “satisfação” de acompanhar o depoimento de Dilma durante a fase final da investigação.
“Sabe que eu não tive tempo de ouvir. Confesso que não tive tempo de ouvir [o discurso]. Fiquei trabalhando em uns despachos e não tive a satisfação de acompanhar o discurso”, disse o presidente interino, em evento no Palácio do Planalto para recepcionar atletas olímpicos brasileiros.
Mesmo antes da confirmação do afastamento definitivo da presidente, Temer prometeu aos atletas mais investimentos para o esporte brasileiro e acrescentou que acompanhará essa etapa do julgamento “com tranquilidade absoluta”.
“Sou obediente às instituições e espero respeitosamente a decisão do Senado Federal”, afirmou o peemedebista.
Protesto
Apesar de dizer que não teve ‘tempo de acompanhar Dilma no Senado’, o governo divulgou uma nota contestando as críticas da presidente ao interino.
A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que a nota é uma resposta aos ‘ataques’ de senadores e da presidente afastada ao governo Temer durante a sessão de julgamento do impeachment e não se refere à ninguém especificamente.
“O debate no Senado Federal sobre o processo de impeachment gerou falsas acusações de retirada de direitos sociais, previdenciários e trabalhistas pelo Governo Federal aos cidadãos brasileiros”, diz a nota.
Nesta segunda, em meio ao depoimento, Dilma criticou, entre outros pontos, o congelamento de direitos e avanços dos trabalhadores anunciados pela equipe econômica de Temer. Outros senadores contrários ao impeachment de Dilma também criticaram o governo do peemedebista e apontaram as tentativas de reduzir direitos.
“Quem paga o pato, ou seja, quem fornece os recursos para que o país saia da crise? Alguns acreditam que sejam apenas os trabalhadores, os mais pobres, a classe média, os profissionais liberais, os pequenos empresários. Isso não é possível. Diante da crise, não se pode implantar um programa ultraliberal em economia e um programa ultraconservador que tira direitos pessoais e coletivos e adota uma pauta extremamente reacionária, é a palavra, contra as mulheres, os negros, a população LGBT”, disse Dilma, durante seu depoimento.
com agência brasil e congresso em foco