Os 10 relatos mais marcantes do #EuEmpregadaDoméstica são um soco no estômago e suscitam reflexões, debates, incômodos. São almas sendo lavadas, ainda que tardiamente
Kika Castro, Blog
Primeiro, eis um breve raio X do trabalho doméstico no Brasil:
— 92% dos empregados domésticos são mulheres;
— 14% das brasileiras ocupadas no Brasil trabalham como domésticas;
— Elas são 5,9 milhões de mulheres;
— Salário médio das domésticas é de R$ 700 (lembrando que, desde janeiro deste ano, o salário mínimo nacional é de R$ 880);
— Mais de 70% não têm carteira assinada;
— As negras têm situação ainda pior que as brancas (salário mais baixo e menos carteira assinada)
Vendo esses números, dá para concluir que, quantitativamente, a situação das empregadas domésticas é péssima. São muitas mulheres que ganham mal e trabalham informalmente.
Apesar de elas terem conquistado vários direitos trabalhistas importantes, qualitativamente, continuam sendo tratadas como escravas modernas, ao menos em muitos lares.
É aí que eu queria chegar. Se você senta pra conversar com qualquer doméstica, ouve histórias de arrepiar os cabelinhos da nuca. Imagine ler dezenas de relatos, de várias trabalhadoras diferentes, compilados de uma vez só?
Foi o que fez a rapper e professora Preta-Rara, ex-doméstica, ao divulgar com muita habilidade, por meio do Facebook, os relatos de várias domésticas, ex-domésticas, filhos de domésticas. Tudo sob o guarda-chuva da hashtag #EuEmpregadaDoméstica, que também já repercutiu no Twitter.
Ela conta como teve a ideia de fazer essa divulgação:
Repare que a página foi criada no dia 19 de julho, ou seja, há exatamente uma semana. E, enquanto escrevo este post (noite de segunda-feira), a página criada por Preta-Rara já está com mais de 100 mil seguidores. Em apenas quatro dias de existência, ela já tinha recebido mais de 5.000 relatos.
O que explica tamanho sucesso? Depoimentos como estes abaixo, que selecionei para o blog. São um soco no estômago e suscitam reflexões, debates, INCÔMODOS. São almas sendo lavadas, ainda que tardiamente:
Humilhação é a palavra que resume todos esses depoimentos.
Pra não dizer que todos os patrões são imprestáveis, teve também um ou outro relato com final feliz. Pincei meu favorito:
Por um mundo com mais Reginas para cada Joyce!
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