Policiais dão show de empatia ao acalmar casal de velhinhos. Acometidos por uma profunda solidão, Jole, de 89 anos, e Michele, de 94 choravam muito e sentiam muita tristeza diante da vida
Só quem realmente vivenciou algum período de extrema solidão sabe o quanto o sentimento de ser “abandonado” pode doer.
Alguns lidam melhor com a situação, mas, quando se está na terceira idade e as atividades da rotina ganham outro ritmo, a angústia de ser “esquecido” é bem mais dolorosa.
Jole, de 89 anos, e Michele, de 94, moram em um bairro de Roma e preocuparam seus vizinhos na noite de 3 de agosto. O casal de velhinhos estava chorando muito e a vizinhança chamou a polícia com medo de que o pior pudesse ter acontecido.
Mas chegando ao local, os policiais não notaram sinais de arrombamento, violência ou roubos. A situação encontrada era um pouco mais profunda e exigia medidas bem mais cuidadosas: Jole e Michele sentiam uma tristeza profunda diante da vida.
Eles, que nos últimos tempos só tinham a televisão como companhia, não aguentaram assistir a tantas notícias ruins no aparelho e desabaram em uma angústia profunda.
A ideia de que ninguém havia visitado o casal e que eles não tinham marcado nenhum encontro com familiares ou amigos em um futuro próximo levou os velhinhos italianos ao desespero.
Os policiais resolveram melhorar a situação e nada como um belo jantar feito com carinho para aquecer corações solitários. Os oficiais pediram permissão e usaram as únicas coisas ainda disponíveis na dispensa: macarrão e queijo.
Naquela noite, o casal cheio de angústia foi tranquilizado pelo gesto de solidariedade e empatia.
A Polícia de Roma se encantou com o gesto de seus funcionários e publicou um belo texto na página do Facebook:
“As vezes a solidão se derrete em choro. As vezes é como uma tempestade de verão, chega de repente e domina. Mas quando a solidão é um peso no coração, pode ser que se perca a esperança. Na cozinha umas miseras uvas murchas são a prova de um jejum que dura há muito tempo. Michele e Jole encheram o coração dos oficiais de ternura. Não há formulários para preencher e nesta noite os códigos não servem. Precisamos ser homens. Ser verdadeiros.
E enquanto esperam a ambulância para verificar que o casal está bem, entendem que apenas um pouco de calor humano poderá devolver a tranquilidade a Jole e a Michele. Improvisam um jantar. Um prato de macarrão com manteiga e queijo. Nada de especial. Mas com um ingrediente precioso: existe nele toda a sua humanidade.”
Ana Beatriz Rosa, Brasil Post
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