Sergio Moro devolve passaporte de esposa de Eduardo Cunha
Contrariando o posicionamento do Ministério Público Federal, juiz Sergio Moro autoriza a devolução do passaporte de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, autorizou na quarta (24) a devolução do passaporte de Cláudia Cruz, esposa do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB).
Apesar do Ministério Público Federal ter se posicionado contra a devolução, Moro afirmou que “não foi decretado por este Juízo medida cautelar de proibição para que Cláudia Cordeiro Cruz deixe o país”.
O juiz destacou que foi iniciativa da defesa de Cláudia a entrega do documento e que considera que a esposa de Cunha tem “papel subsidiário no suposto esquema criminoso”.
Moro, no entanto, decretou que quando fosse viajar, ela comunicasse o juízo.
Cláudia responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e evasão de divisas devido ao uso de recursos depositados em contas em seu nome na Suíça que teriam origem em propinas pagas ao marido dela, Eduardo Cunha, por contratos da Petrobras.
R$ 34 milhões
No último mês de junho, O Ministério Público Federal pediu que Cláudia Cruz devolvesse R$ 34 milhões aos cofres públicos. Segundo o Ministério Público, a conta de Cláudia Cruz lavou US$ 1,079 milhão apenas na compra de serviços e artigos de luxo, entre 2008 e 2015.
“Entre 20/01/2008 e 2/04/2015, por inúmeras vezes, dentre outros locais em lojas de artigos de luxo localizadas nas cidades de Nova Iorque, Miami, Orlando, Barcelona, Zurique, Paris, Roma, Lisboa e Dubai, a denunciada Cláudia Cordeiro Cruz, dolosamente, utilizando-se de valores de propina recebidos na conta suíça Kopek (em que a denunciada Cláudia Cruz era beneficiária final), converteu em ativos de aparência lícita consistentes em bens e serviços, incluindo artigos de grife como ternos, bolsas, sapatos e roupas femininas”, afirma a denúncia.
Só em uma diária no hotel sete estrelas Burj Al Arab, em Dubai, Cláudia gastou US$ 5.927. A conta não foi declarada pela jornalista à Receita Federal, segundo o Ministério Público Federal, porque ela sabia que se tratava de “estratagema utilizado para o recebimento de propina pelo seu companheiro”.