“Japonês da Federal” foi condenado e usa tornozeleira eletrônica como presos, mas mesmo assim faz diligências e conduz suspeitos. Ex-deputado lamenta: “Qual é o exemplo que os integrantes (policiais, procuradores, juízes etc) da Operação Lava Jato querem dar para a sociedade”?
A construção de um país, uma nação, uma civilização é feita através de trabalho, justiça, respeito aos direitos humanos e civis. E, também, pelo significado de seus símbolos.
Música, hinos, bandeiras e exemplos de dignificação humana servem como símbolos, libertários ou opressores. Um dos símbolos mais conhecidos, no mundo, da destruição do humanismo, da dignidade e da solidariedade é a suástica. Sob sua marca, foram construídas a opressão, a violência, a tortura, a intolerância, enfim, a degradação humana.
Hoje, por razão que a razão humana desconhece, alguns buscam reconstruir não só o símbolo, mas toda a miséria humana que o nazismo representou. No Brasil, alguns setores, ao que parece, ainda buscam seu símbolo. Outros, pelo menos temporariamente, já a encontraram. É o caso da Operação Lava Jato. O símbolo deles é o “japonês da federal” – não por ser japonês, mas pela história pessoal e pela história da impunidade. Escrevo em minúsculo, porque o símbolo é Maiúsculo em desqualificar o que pretende representar.
Dia desses, conversei com gente da Policia Federal, profissionais sérios, éticos e que não atuam para a mídia e nem por ideologia. Condenaram a prática da Operação Lava Jato e discordam do símbolo adotado pela operação. Entendem que o japonês da federal não os representa – ao contrário, depõe contra a história dos bons profissionais da PF.
O símbolo da Lava Jato, Newton Ishii, reapareceu. Estava sumido porque foi preso. Foi condenado a quatro anos e dois meses por facilitação de contrabando na fronteira do Brasil (Foz do Iguaçu) com o Paraguai.
Anos atrás, no exercício do mandato de deputado federal, na época em que o japonês da federal deveria estar trabalhando em Foz, fui procurado, não me recordo se por um agente ou por um delegado da Polícia Federal que atuava na fronteira, e que pediu se era possível ajudá-lo na transferência.
Queria sair de Foz. Perguntei por que e ele me respondeu que não era local para pessoa honesta trabalhar. Isso no inicio do governo Lula. Foi no governo de Lula que a PF começou a atuar e, inclusive, a investigar os suspeitos de crime da corporação. Foi em uma dessas investigações que pegaram o japonês da federal.
O símbolo da Lava Jato reapareceu, como sempre, com seus óculos Ray Ban pretos, colete e calças pretas. O mesmo uniforme que anteriormente aparecia em todas as fotos e TVs, no início da operação Lava Jato, conduzindo, em boa parte dos casos, coercitivamente pessoas para serem presas.
A sua reaparição é o melhor símbolo do momento em que vivemos: um condenado levando um réu para ser ouvido por um juiz ou para ser detido ou preso. Esse é o Brasil em que uma inocente perde o cargo de presidenta e o governo é ocupado por suspeitos e investigados.
Será que os “donos” da Operação Lava Jato não veem que este símbolo depõe contra o Brasil e contra a credibilidade das ações da própria PF? Depõe contra o Ministério Público e, inclusive, o Poder Judiciário.
Fico imaginando o dialogo do conduzido com o condutor, o japonês da federal.
“É verdade que você foi condenado e cumpre pena usando tornozeleira?”, pergunta o conduzido. “É verdade, mas deixa pra lá”, responde o condutor, símbolo da Lava Jato.
Curioso, o réu conduzido pergunta: “Como você fez para se livrar da cadeia? Será que se eu fizer a mesma coisa também conseguirei?”
“Huuuummmm…”, reage o japonês da federal.
“Gostaria de também conduzir uns depoentes para ficar famoso e virar símbolo. Será que consigo?”
“Huuuuummmmm…”
“A minha tornozeleira atrapalha para o banho e para dormir. A sua também?”
“Huuuuummmm… Chegamos.”
Chegamos ao fundo do poço do descaramento.
Qual é o exemplo que os integrantes (policiais, procuradores, juízes etc) da Operação Lava Jato querem dar para a sociedade?
Para os que pensam, os que acompanham os justiçamentos da Lava Jato desde o início, isso tudo cheira a uma enorme fraude. É o fim de qualquer decoro.
Até o jornal O Globo se indignou (olha que isso é difícil) e andou publicando alguns comentários de leitores: “O Brasil está sendo uma piada pronta! Japonês da Federal, com tornozeleira eletrônica, conduz presos da Lava Jato”; e “O japonês da federal efetuando prisões de tornozeleira eletrônica é AULA DE BRASIL”.
Triste o país que tenha como símbolo de justiça um facilitador de contrabando.
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Dr. Rosinha, Congresso em Foco
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