Em entrevista nos Estados Unidos, Michel Temer promete impor limites à saúde e educação até 18 de dezembro. Proposta prevê congelamento de reajustes salariais e de concursos públicos. O ex-interino garante que o fato de ele não ter "interesses eleitorais" o ajuda a aprovar demandas impopulares
Nos Estados Unidos para a convenção da ONU, o presidente Michel Temer concedeu, na terça (20), entrevista exclusiva ao portal Bloomberg, oportunidade em que foi questionado sobre as reformas que promete entregar até o final de 2018.
Pressionado pelo entrevistador a mostrar compromisso com as pautas relacionadas ao ajuste fiscal, Temer disse que, em seu cronograma, a primeira demanda que vai entregar é a PEC 241, que estabelece um limite para os gastos públicos, reduzindo o aporte para saúde e educação.
Segundo ele, essa matéria avançará em comissões especiais da Câmara a partir de 3 de outubro e será concluída no Senado até 18 de dezembro.
PSOL, PT e Rede já apresentaram diversos requerimentos contra a PEC 241. A proposta retiora recursos da saúde e da educação e congela o reajuste dos servidores e os concursos públicos.
Quanto à reforma da Previdência, Temer garantiu que ela será enviada ao Congresso ainda neste ano e deve ser aprovada até o final do primeiro semestre de 2017.
“Tem ainda a terceira reforma, que é a trabalhista, para garantir o emprego. Matéria, aliás, que vem sendo trabalhada na Suprema Corte. A proposta que eu defendo, de fazer prevalecer acordos coletivos entre trabalhadores e empregadores sobre o que está registrado, já vem sendo tratada no Supremo”, disse.
Segundo Temer, o fato de ele não ter “interesses eleitorais” o ajuda a aprovar demandas impopulares. Ele disse que está inspirado no ex-presidente Juscelino Kubitschek, que era “muito ativo, modernizante e fazia um governo alegre. Minha função – em dois anos e quatro meses – é colocar o Brasil nos trilhos. Não pretendo mais do que isso.”
O mesmo não pode ser dito sobre José Serra. Segundo a redação do Bloombergh, o ministro de Relações Exteriores acompanhou Temer na entrevista concedida em Nova York, e não parava de interromper o presidente para dar pitacos nas questões sobre economia.
“Na entrevista, o presidente estava acompanhado por membros do gabinete, incluindo o ministro das Relações Exteriores, José Serra, ex-candidato presidencial que estaria analisando a possibilidade de concorrer novamente a presidência. Serra tomou a palavra diversas vezes para dar suas opiniões a respeito do estado da economia”, diz a matéria.
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