Racismo impune no Brasil: Pedagoga é presa por ofensas racistas, mas liberada em seguida após pagar fiança. Flagrante da revoltante agressão racial foi registrado em vídeo
Um vídeo com cenas de revoltante agressão racista tem repercutido nas redes sociais nesta semana. O episódio ocorreu, na Praia da Reserva, domingo, no bairro do Recreio, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, a agente de viagens Sulamita Mermier, de 31 anos e negra, resolveu passar o dia de folga na praia na companhia da irmã e de uma amiga.
Assim que se acomodou na areia, ela começou a ouvir declarações de cunho racista, feitas por uma mulher de meia idade, loira, sentada a poucos centímetros de distância dela.
Sulamita disse que, num primeiro momento, ficou em dúvida se estava sendo alvo dos xingamentos até perceber que a mulher insistia em declarar que “não entendia porque mulata pegava sol”.
De acordo com agente de viagens, foram diversas as agressões verbais. A mulher dizia que “pagava um condomínio caro”, que “suburbanos deveriam procurar outra praia”, que Sulamita era “encardida”.
“Eu não fiz nada. Estava com minha irmã e minha amiga, que são brancas. Ela falava, olhando para mim: ‘Hi, Hitler’. ‘Preto e mulato não são raça, são sub-raça’. ‘Não entendo porque preto pega sol’. ‘Esses cabelos duros’. Ela estava com o marido, uma senhora e duas garotas. Quando começou a falar, essa senhora saiu, disse que não era racista e não concordava com as agressões verbais”, detalhou Sulamita em entrevista ao jornal O Globo.
Depois de aguentar com paciência a enxurrada de insultos racistas, Sulamita decidiu gravar (VÍDEO ABAIXO) o que estava ocorrendo, enquanto sua amiga chamava a polícia.
No registro, é possível ver a mulher gritando frases como: “Não tenho culpa de você se sentir agredida por ser mulata, amor. Você é uma complexada. Nasça branca. Você nasceu mulata. Fazer o quê?”. E também: “Você é uma complexada por ter cabelo duro”.
Identificada como Sonia Rebello Fernandez, a mulher que xingou Sulamita foi encaminhada por policiais militares para a 16ª DP (Barra) no final da tarde do domingo. Foi presa em flagrante e indiciada por injúria racial, com pena prevista de reclusão de um a três anos e multa.
No entanto, a agressora, que é pedagoga, pagou fiança de R$ 500 e responderá em liberdade.
Há uma discussão liderada por entidades que lutam contra a discriminação racial de que no Brasil ninguém é preso por racismo.
O crime de racismo no país, previsto na Constituição, é inafiançável e imprescritível. Porém, após a criação do artigo que prevê a injúria racial, com penas brandas e fianças baixas, os casos relacionados a racismo passaram a ser tratados apenas como injúria.
O vídeo já foi visualizado quase 7 milhões de vezes:
HuffPost Brasil e O Globo
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