Após a apresentação da denúncia de Dellagnol, mídia internacional repercute a acusação e trata Lula como o maior presidente da história. Confira o que disseram The New York Times, The Washington Post, The Guadian, ABC News, Le Monde e outros veículos
A imprensa norte-americana repercutiu ontem (14) a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As notícias sobre a denúncia foram acompanhadas de um perfil do ex-presidente Lula e de informações sobre o crescimento econômico ocorridos durante os dois períodos de seu governo.
Segundo o The New York Times, a instabilidade política dos últimos anos acabaram por provocar a saída de Dilma Rousseff, sucessora de Lula na Presidência da República, em agosto último, por meio de “um processo de impeachment controverso”.
O The New York Times diz também que as “denúncias e acusações mais amplas representam um duro golpe” para Lula, “complicando suas ambições de retornar à Presidência”.
Mas o jornal nota que as denúncias em si contra o ex-presidente são “muito limitadas” e que “a quantia de dinheiro da qual Lula é acusado de receber nas reformas do apartamento não é nada comparada ao que outros [políticos] foram acusados de receber nos últimos anos”.
The Washington Post
O jornal The Washington Post diz que a denúncia do MPF, que envolve também sua esposa Marisa Letícia, e mais seis pessoas, coloca um sério risco para Lula de enfrentar um mandado de prisão de Sergio Moro, o juiz que está à frente da investigação.
“Se isso acontecer, seria uma queda extraordinária para o ex-presidente e seu partido. Durante 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, a economia do Brasil se expandiu, e ele montou um boom global das commodities”, afirma o TWP.
O jornal diz ainda que mais da metade dos 200 milhões de cidadãos brasileiros “se juntou a uma nova classe média baixa” no governo Lula, que saiu da presidência como o presidente mais bem avaliado de todos os tempos.
Chicago Tribune
Os promotores que apresentaram denúncia contra Lula fizeram uma “litania” de acusações, mas foram econômicos ao apresentar as provas –o que pode colocar em xeque o futuro da Operação Lava, escreveu o diário americano Chicago Tribune. Se as denúncias já eram esperadas, a linguagem utilizada pelos promotores foi “impressionante”, completou.
Para o “Chicago Tribune“, “o fosso escancarado entre as acusações verbais e as denúncias (formais) levantaram questões sobre o futuro da investigação”. Se por um lado as “acusações drásticas” podem ajudar os promotores a manter o caso em sua jurisdição, por outro, implicam “riscos” de que a investigação seja vista como politizada.
A rede de televisão ABC News, publicou em seu site que o chefe da força tarefa da investigação, Daltan Dallagnol, chamou Lula de “comandante máximo” do escândalo que agita a maior nação da América Latina.
Associated Press
A agência de notícias norte-americana Associated Press afirmou que a “discrepância” entre as declarações dos procuradores do MPF sobre o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de corrupção na Petrobras e as acusações de fato apresentadas contra ele levantam dúvidas sobre o futuro das investigações da Operação Lava Jato.
Segundo a matéria da AP, embora as acusações fossem esperadas, a caracterização do suposto papel de Lula no esquema, com apresentações de Power Point tentando explicar as denúncias contra o ex-presidente, foi “impressionante”.
A agência afirma que, apesar da “litania” (ladainha) de acusações, Lula está sendo acusado apenas de lavagem de dinheiro e corrupção, crimes que são negados pela defesa do ex-presidente.
“A discrepância entre as acusações verbais na quarta-feira [feitas pelos procuradores] e aquilo de que Silva foi realmente acusado levantaram muitas perguntas sobre o futuro da investigação”, diz o texto.
O artigo da AP cita o advogado Cezar Britto, ex-presidente da OAB, que afirma que “as duras palavras [dos procuradores] indicam que as provas [contra Lula] não devem ser tão sólidas”. “Parece que os procuradores estão querendo o apoio da sociedade em lugar de procurar mais provas”, diz Britto.
Europa
Para o francês “Le Monde“, um dos efeitos destas acusações será dividir ainda mais “uma sociedade brasileira já rasgada pela polêmica destituição de Dilma Rousseff”. “Aos que consideram Lula como um ‘bandido’, opõe-se uma parte dos brasileiros que veem nessas acusações uma manobra para calar a esquerda”, escreve o jornal.
A “BBC” relembrou uma entrevista feita com Lula no mês passado, quando o ex-presidente comentou sobre a iminência da denúncia. “Ele afirmou que preferia responder formalmente a todas as acusações do que vê-las pipocando pela imprensa. A investigação é de suma importância para o futuro de Lula e do PT. Pesquisas de opinião indicam que Lula ainda é uma força política que poderia tentar novamente ocupar a presidência”, registra a BBC.
Para o jornal britânico “The Guardian“, “a queda de Lula, e do partido de esquerda que ele fundou em 1980, é dramática”. O jornal lembra que sua sucessora no Planalto, Dilma Rousseff, foi impedida no fim do mês passado pelo Senado, encerrando 13 anos de governo petista.
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