Avanço das investigações da Lava Jato agora esbarra nas estruturas do poder real, o PSDB. A operação pode não ter forças para vencer essa batalha já que enfrentará o pacto entre mídia, lideranças tucanas, PGR e ministros mais combativos do STF, como Gilmar Mendes.
O jornalista Luís Nassif afirmou nesta sexta-feira, 28, que o avanço das investigações da operação Lava Jato esbarraram no “poder real” da elite brasileira.
“Daqui para frente irão se confrontar com as verdadeiras estruturas de poder, o pacto tácito entre mídia, lideranças tucanas, a PGR e os Ministros mais combativos do STF. E perceberão a diferença entre bater em um governo inerte e investir contra o poder real. Será um embate curioso”, afirma.
Segundo Nassif, embora haja uma clara tomada de posição de toda a Lava Jato contra Lula/PT e a favor do PSDB, a mina Lula está prestes a se esgotar. Para sobreviver, a Lava Jato terá que virar o disco. E virar o disco significará romper com o pacto de impunidade do PSDB.
“Não é por outro motivo que Gilmar Mendes e seus blogueiros começaram a bater forte na operação e em Sérgio Moro“, afirma.
“Procuradores e delegados têm o poder de controlar os fluxos seguintes de vazamentos, para uma mídia pouco propensa a dar espaço contra os seus. Depois, no âmbito do STF – para onde irão os acusados com foro privilegiado – a PGR poderá se valer do fator tempo de acordo com seus critérios. Bastará colocar mais gás em alguns processos que nos outros, para controlar os efeitos políticos”, argumenta o jornalista.
“Mesmo assim, a mega-delação da Odebrecht significa artilharia pesada contra todos os frequentadores do saloon, em um momento em que a blindagem do PSDB passou a incomodar até a opinião a pública não alinhada e se tornar motivo de chacota nacional”.
Mídia rompeu blindagem?
Para o jornalista Ricardo Kotscho, a grande mídia parece ter rompido com a blindagem “de proteção de vazamentos de delações envolvendo políticos tucanos que ficou conhecido como ‘não vem ao caso‘”.
O jornalista cita a manchete da Folha de São Paulo “Odebrecht afirma ter pago caixa dois a Serra na Suíça” como exemplo e diz que algo assim era “inimaginável no período pré-impeachment”.
Kotscho analisa que a crise institucional que envolveu os três poderes da República e deixou o mundo político apreensivo foi decorrente do clima de tensão das pré-delações dos executivos da empreiteira Odebrecht.
“A assinatura dos acordos de delação premiada de Marcelo Odebrecht e 80 executivos da empreiteira está previsto para o próximo dia 8 de novembro, mas o estrago já começou”, destaca Kotscho.
“Com nomes, codinomes, datas e números, a reportagem de Bela Megale na Folha conta como, segundo as delações de dois dos executivos, a campanha de 2010 de José Serra, hoje chanceler do governo Michel Temer, recebeu R$ 23 milhões (R$ 34 milhões em valores atualizados) em propina pagos pela empreiteira em contas no Brasil e na Suíça”.
Para ele, este “pode ser só o começo de um tsunami de denúncias cujas proporções ninguém é capaz de prever no momento, mas não é difícil imaginar onde pode parar. Quem vai escapar?”, pergunta.
informações de Nassif, Kotscho e 247
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