Em discussão acalorada numa audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a proibição de vaquejadas, atriz da Globo bradou contra nordestinos: “Calem a boca que nós já pagamos o bolsa família de vocês”
“Calem a boca que nós já pagamos o Bolsa Família de vocês”. A frase desrespeitosa direcionada a nordestinos foi dita pela atriz da Globo Alexia Dechamps durante uma audiência pública sobre a proibição da vaquejada no Brasil.
A declaração causou revolta na bancada nordestina na Câmara dos Deputados nesta terça-feira. Vaqueiros convidados para acompanhar a sessão também ficaram indignados.
“A convidada se virou para os vaqueiros que ali estavam e disse para que eles calassem a boca porque ela pagava o Bolsa Família do nordestino. Esse ato de preconceito não é apenas contra os vaqueiros, mas contra nós da bancada do Nordeste”, reclamou no plenário o deputado Domingos Neto (PSD-CE), que pediu à Procuradoria da Câmara que tome providências contra a atriz.
A modelo Maria Paula Maia, que também estava presente na sessão, criticou a postura da atriz e relatou o ocorrido em uma rede social:
“Vocês conhecem essa atriz Alexia Dechamps? Se sim, preciso contar o que acabei de presenciar aqui na audiência pública sobre a vaquejada no Plenário em Brasília. Estava prestes a iniciar a audiência, e com a sala cheia de ativistas e defensores da vaquejada, ficou um pouco tumultuado. Pois bem, essa moça, que veio até aqui a convite de um deputado, virou-se para os nordestinos que estavam sentados na fileira de trás, e disse: ‘Calem a boca, que nós já pagamos o Bolsa Família de vocês!’”, escreveu.
Mais preconceito
Em agosto, a atriz Suzana Vieira afirmou que as pessoas do Norte e Nordeste não tinham conhecimento sobre as ações da Lava Jato.
Ao mesmo tempo em que criticou a falta de conhecimento das duas regiões, exaltou o Paraná. Ela disse que a capital do estado, Curitiba, é “uma das capitais mais adiantadas do Brasil em civilidade, educação, limpeza e educação das crianças”.
STF e Vaquejada
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no início deste mês, derrubar uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada, tradição cultural nordestina na qual um boi é solto em uma pista e dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubá-lo pela cauda.
Por 6 votos a 5, os ministros consideraram que a atividade impõe sofrimento aos animais e, portanto, fere princípios constitucionais de preservação do meio ambiente.
O governo do Ceará dizia que a vaquejada faz parte da cultura regional e que se trata de uma atividade econômica importante e movimenta cerca de R$ 14 milhões por ano.
Apesar de se referir ao Ceará, a decisão serve de referência para todo o país, sujeitando os organizadores a punição por crime ambiental de maus tratos a animais.
PEC
Apesar da decisão do STF contra a vaquejada, tramita na Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata de rodeios e vaquejadas como expressão artística e classifica as atividades como patrimônio cultural e imaterial brasileiro.
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