Tempos sombrios. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, que deveria ter liberdade para realizar pesquisas acadêmicas, vive momento de terror e perseguição ideológica. Caso mais recente foi o da exoneração de uma pesquisadora que publicou estudo sobre perdas de R$ 743 bilhões na área da Saúde com a PEC 241
A pesquisadora Fabiola Sulpino Vieira, especialista em políticas públicas e gestão governamental, é coautora de um artigo que faz críticas à PEC 241, projeto do governo Temer, que altera a Constituição para congelar gastos públicos pelos próximos 20 anos. O estudo indica que as perdas para a saúde no Brasil devem chegar a R$ 743 bilhões.
Após o artigo ser publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), depois de já ter passado pelo crivo de vários diretores, ele foi contestado publicamente pelo presidente do Instituto, Ernesto Lozardo.
Segundo uma fonte entrevistada em uma matéria da Folha de S.Paulo, “Ele (Lozardo) resolveu desautorizar algo que já havia sido autorizado”. Ernesto Lozardo foi indicado ao cargo por Michel Temer.
Uma reportagem publicada pela BBC Brasil revela que a pesquisadora foi vítima de perseguição ideológica e censura dentro do Ipea. Confira abaixo um trecho da matéria:
Coautora de um artigo crítico publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre o projeto do governo que altera a Constituição para limitar gastos públicos pelos próximos 20 anos, a pesquisadora Fabiola Sulpino Vieira pediu exoneração do cargo de coordenadora da área de saúde da instituição.
A informação foi confirmada pelo Ipea à BBC Brasil nesta quinta-feira, dois dias após o presidente do instituto, Ernesto Lozardo, enviar nota pública contestando a posição da pesquisadora e declarando apoio do instituto à PEC 241 (Proposta de Emenda Constitucional) 241 – apresentada como principal projeto do governo Temer contra a crise econômica.
O gesto foi visto com surpresa por parte dos servidores da instituição, que classificaram a exoneração como fruto de “pressão interna” e “intimidação” – o instituto nega e ressalta que o pedido partiu da ex-coordenadora.
A nota técnica que foi alvo da controvérsia, publicada em setembro e assinada por Vieira com o pesquisador Rodrigo Benevides, aponta que a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados na última segunda-feira pode resultar em perdas de até R$ 743 bilhões para a saúde.
Leia aqui a íntegra da reportagem na BBC.
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