Reinaldo Azevedo, blogueiro da Veja, pede que Sergio Moro não aceite a delação premiada de Eduardo Cunha. O colunista alega que "isso mergulharia o país no caos". Principais alvos seriam ministros de Temer e o próprio presidente
Para Reinaldo Azevedo, colunista de Veja, não parece “um bom desfecho” a Lava Jato aceitar uma delação premiada de Eduardo Cunha a esta altura, pois mergulharia o país no caos.
“Mas, afinal, Cunha fará ou não fará delação premiada? Ninguém sabe. Uma coisa é certa: a esta altura, não faz sentido lhe conceder um benefício, fazendo o país mergulhar no caos”, escreve ele.
Ele também cogita a possibilidade de “Cunha decidir, sei lá, jogar no lixo, com suas eventuais revelações, boa parte do trabalho feito até aqui”. “Os primeiros delatores tinham menos condições de escolher o caminho do que ele tem agora, embora pareça o contrário”, diz.
Primeiros alvos
Antes de ser preso pela Polícia Federal dentro das investigações da Operação Lava Jato, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já vinha trabalhando “enlouquecidamente” em um livro onde detalharia a crise política e os bastidores que levaram ao impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff.
O material, que já conta com mais de 100 páginas, é visto como um tipo de “delação informal” do ex-presidente da Câmara. Dentre os alvos iniciais de Cunha estão o responsável pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI) do governo Michel Temer, Moreira Franco, e o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ainda ontem, Michel Temer voltou às pressas do Japão após saber da prisão de Eduardo Cunha. Há a preocupação de que Cunha, em uma possível delação premiada, mostre esquemas ilegais envolvendo o atual presidente e revele os nomes dos mais de 100 deputados que financiava e que votaram pela cassação de Dilma Rousseff.
A hipótese de que o ex-parlamentar feche um acordo coma Justiça por meio do mecanismo de delação premiada ganhou força, já que os dados que seriam utilizados no livro poderão ser usados para abrandar a pena que terá que cumprir em caso de condenação, além de servir para proteger a mulher, Cláudia Cruz, que também responde a um processo Lava Jato pela suspeita de lavagem de dinheiro.
Estranha discrição
A prisão de Eduardo Cunha foi realizada de maneira discreta nesta quarta-feira (19) e fugiu dos padrões do que vinha ocorrendo ultimamente no âmbito da Lava Jato.
Ao contrário do que aconteceu com a condução coercitiva de Lula e da prisão de outros dirigentes petistas, dessa vez não houve vazamento para a imprensa e, aparentemente, o próprio Cunha fora avisado pela Justiça que seria preso.
A mudança de postura partiu do próprio Sergio Moro. O magistrado que Cunha não fosse algemado em hipótese alguma e não permitiu que o ato fosse filmado ou fotografado.
VEJA TAMBÉM: O telefonema desesperado de Eduardo Cunha antes de ser preso
com 247 e Folhapress
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook