PF investiga caso de fascismo na UFAL envolvendo sargento do Exército
Setor de inteligência da Polícia Federal investiga caso de fascismo envolvendo suposto sargento do Exército Brasileiro, estudantes e professores. Acusado fez retratação nas redes sociais
Railton Da Silva, Grito na Luta
O setor de inteligência da Polícia Federal investigará o caso de fascismo que ocorreu na Universidade Federal de Alagoas – UFAL na última terça-feira, 04, onde um suposto sargento do Exército Brasileiro intimidou e ameaçou estudantes e professores.
A reitora da UFAL, Valéria Correia, acionou à Polícia Federal para solicitar que seja investigado, apurado e punido os envolvidos no caso. A denúncia – protocolada por meio de ofício – continha imagens das postagens de um dos envolvidos identificado como Antônio David, onde continha conteúdos fascistas.
De acordo com Correia – por meio de publicação no site da UFAL -, a ação no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes foi antidemocrática e que criou na instituição um clima de insegurança, intolerância e animosidade.
“Eles provocaram uma guerra. A Universidade é o lugar do livre pensar, da pluralidade. Se não podemos fazer isso no nosso espaço, onde faremos?”, questionou a reitora, demonstrando preocupação com a integridade física de alunos e professores da instituição.
Ainda por meio de nota, a assessoria da UFAL destaca que o superintendente da PF, o delegado André Costa, “disse que a medida inicial é fazer um levantamento dos envolvidos a fim de identificar os estudantes e professores que presenciaram o fato, para daí então ouvi-los e, após análise, informar se houve crime e qual o enquadramento legal. Na ocasião, o delegado do setor de Inteligência da PF, Antônio Carvalho, chegou a ouvir duas testemunhas, podendo amanhã já anunciar algumas diligências”.
A reitora destacou ainda por meio da assessoria que o comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (59º BI MTZ), coronel Júlio César Macário, teria ligado informado o recebimento do ofício pedindo providência e que “se dedicar para identificar e expulsar o militar, caso seja comprovado o envolvimento no caso”.
“O procurador Fabrício Cabral entregou o ofício do Gabinete da Reitoria em mãos, sendo informado que será aberto processo para identificar a pessoa que aparece vestida de militar fazendo continência na foto viralizada nas redes sociais”, destacou nota.
O cartunista e chargista Carlos Latuff gravou um vídeo para seu canal ecoando a denúncia feita pelo Grito na Luta sobre o caso. Segundo ele, os casos ocorridos fora do eixo Rio–São Paulo não tem a mesma visibilidade e que precisa ser denunciado.
O envolvido no caso postou nesta sexta-feira, 07, uma nota de retratação no seu perfil no Facebook.
PEDIDO DE RETRATAÇÃO
À Comunidade Acadêmica da Universidade Federal de Alagoas e à Sociedade Alagoana
Diante dos fatos, das imagens e dos comentários divulgados na minha página pessoal do Facebook na última terça-feira, 04/10/2016, venho publicamente me retratar perante à comunidade acadêmica da Universidade Federal de Alagoas (docentes, discentes, técnicos administrativos) e à sociedade alagoana, em face da repercussão e constrangimento causados.
Esclareço que nem todos os atos imputados a mim são verdadeiros, pelo contrário, visitando a universidade como sou universitário, me sentia em casa, em um momento infeliz, lembrando do quadro político que passa o Brasil, sem pensar, me empolguei vendo as imagens dos filósofos e posei para a foto, logo após descrevendo coisas que não podia, criando-se o fato que gerou tudo isto, mas, minha intenção não era essa e em nenhum momento estive ali para efetuar mal a ninguém, após posar para a foto, me senti tão a vontade que fui almoçar no restaurante em meio a tantas pessoas, sendo assim, quem têm a intenção de fazer mal a alguém não permanece a vontade no local, permaneci a vontade e sai calmamente do campus. Em nenhum momento tive a intenção de vincular o ato à violência física, verbal e moral a qualquer pessoa (professor, aluno, funcionário) presente nas dependências do ICHCA.
Afirmo a ausência de qualquer sentimento de ódio ou rancor vinculado à minha conduta, o que disse e publiquei se constitui de um momento infeliz.
Sou acadêmico de engenharia civil, tenho 21 anos, prezo incessantemente pela minha família, meus amigos e, principalmente, pela ordem pública. Admito que agi de forma dura nas declarações contidas no texto e comentários publicados. Espero em outro momento ter a oportunidade de manifestar meu pensamento de forma respeitosa às diferentes maneiras de agir e pensar numa sociedade democrática.
Maceio/AL, 07 de outubro de 2016.
Antonio David
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