Cientista social, educadora popular, negra e feminista, Áurea Carolina (Psol) foi a campeã de votos para a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Áurea vai propor a redução do salário de vereadores e vai doar pelo menos a metade do que receber
Desde 2012 com apenas uma mulher, a Câmara Municipal de Belo Horizonte terá a partir do ano que vem quatro novas vereadoras na Casa, entre elas, a candidata mais votada na capital mineira, Áurea Carolina (Psol). Com 17.420 votos, ela vai para seu primeiro mandato na Câmara.
Cientista social, educadora popular, negra e feminista, Áurea é uma das fundadoras do Fórum das Juventudes da Grande Belo Horizonte. Um dos compromissos de campanha é doar parte do salário de vereadora e da verba de gabinete para ações sociais.
“Será um mandato de muito diálogo, de participação aberta com os movimentos sociais com essas forças que estão lutando pelo direito à moradia, pelos direitos das mulheres, da população negra. Além de tudo, um mandato educativo para nós formularmos uma reflexão crítica sobre a cidade”, diz.
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialidade em gênero e igualdade pela Universidade Autônoma de Barcelona e mestra em Ciência Política pela UFMG, Áurea já foi subsecretária de Política para Mulheres do governo de Minas Gerais.
Áurea abriu mão de um cargo com salário de R$ 9 mil por não concordar com os rumos do governo Fernando Pimentel (PT). “Vi que não tinha condições de desenvolver um trabalho lá dentro e preferi voltar para o trabalho autônomo de fortalecer o campo das lutas sociais.”
Redução do salário
Ao jornal Estado de Minas, Áurea afirmou que irá propor a redução do salário dos vereadores (R$ 15 mil, fora benefícios). “É um abuso um salário tão alto quando a maioria da população se vira com salários muito baixo. É necessário que o exercício da política como profissão seja um trabalho de cidadania e não coisa para fazer carreira e ficar tão distante da população”, afirmou.
Para si, a vereadora eleita firmou em cartório a promessa de doar parte do subsídio para servir a movimentos sociais. O coletivo que fundou e ajudou a eleger, além dela, Cida Falabela, das “Muitas pela cidade que queremos”, oficializou a proposta de doar de 40% a 70% do salário, de acordo com a necessidade de cada um. “Vou doar pelo menos a metade”, diz.
Áurea Carolina se surpreendeu com votação que teve. Disse que foi uma demonstração da força do campo de resistência na cidade. “É que somos muitas mesmo. Era por convicção e conquistei uma vitória extraordinária para as mulheres, a população negra, a juventude, geral colou em busca de outra política possível”.
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com EM, TVT e RBA
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