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O apartamento milionário que causou a demissão do ministro da Cultura

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Piscina, SPA, sauna, quadra, sala de jogos e parque infantil são parte da infraestrutura de luxo do empreendimento pivô da demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura. Ele contrariou de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo Temer

Empreendimento La Vue, Geddel Vieira Lima e Marcelo Calero (Imagem: Pragmatismo Político)

Piscina, SPA, sauna, quadra, sala de jogos e parque infantil são parte da infraestrutura de luxo do La Vue Ladeira da Barra, empreendimento pivô da demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura.

Após deixar o governo de Michel Temer, Calero contou ter sido pressionado pelo titular da Secretaria de governo, Geddel Vieira Lima, a produzir um parecer técnico da obra para favorecer interesses pessoais.

Geddel tem uma promessa de compra de uma unidade do prédio desde 2015, mas a construção foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2016.

Localizado na Avenida Sete de Setembro, na Ladeira da Barra, em Salvador (BA), o prédio destoa da paisagem. Ao lado, estão sítios históricos ou tombados como o Cemitério dos Ingleses, o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.

Nos 30 andares do projeto, estão 24 apartamentos, um por andar. Os de quatro suítes têm 259m² e a cobertura mede 450m². Um imóvel da faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, por sua vez, tem 41 m².

Cada unidade tem quatro vagas de garagem e visitantes também têm direito a um estacionamento coberto.

Entenda o caso

De responsabilidade da Cosbat Empreendimento em parceria com a Viva Ambiental e Serviços, a construção obteve parecer contrário do Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização, composto por técnicos do Iphan, do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) e da Secretaria Municipal de Urbanismo, em 2014, de acordo com a Folha de São Paulo.

O então presidente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, por sua vez, extinguiu o órgão posteriormente e a obra teve o aval da prefeitura, comandada por ACM Neto (DEM), com base em um parecer individual do então coordenador-técnico do Iphan, Bruno Tavares.

No início de 2016, contudo veio o veto do Iphan nacional. Na mesma época, o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) acionou a Justiça por meio de uma ação civil pública e pediu a revisão do parecer local que havia autorizado a obra.

Caso a obra seja feita na forma em que foi concebida, será aberto um precedente muito perigoso que pode descaracterizar aquela região“, Solange Araújo, presidente do IAB na Bahia à Folha.

Demissão

De acordo com Calero, ao assumir o Ministério da Cultura, em maio, Geddel o pediu para que a decisão do Iphan de barra a obra fosse revista porque a defesa da empresa não teria havia sido ouvida.

Após nova manifestação da defesa, o Iphan nacional manteve o entendimento de barrar a obra. Em novembro, o órgão determinou que a construção se limitasse a 13 andares.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Calero afirmou que Geddel o pressionou diversas vezes. Em outubro o articulador político de Temer disse ao titular da Cultura: “Então você me fala, Marcelo, se o assunto está equacionado ou não. Não quero ser surpreendido com uma decisão e ter que pedir a cabeça da presidente do Iphan“, segundo relato de Calero. O ex-ministro contou ainda que Geddel disse a ele que comprou o imóvel “com a maior dificuldade“.

Calero alegou ter pedido demissão devido à situação. “Entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo e que ninguém iria me apoiar. Vi que minha presença não teria viabilidade. Jamais compactuaria com aquele compadrio“, disse à Folha.

Geddel admite ter uma promessa de compra de uma unidade do empreendimento e de ter conversado com o ex-ministro sobre o impasse, mas nega conflito de interesses. “É uma situação absolutamente tranquila e serena. Tratei o ministro Calero com transparência, com tranquilidade, com serenidade“, disse ao HuffPost Brasil.

Seu primo e sócio no restaurante Al Mare, Jayme Vieira Lima Filho, tem um escritório de advocacia que defende a Cosbat na Justiça baiana, de acordo com a Folha.

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O titular da Secretaria de Governo garantiu sua permanência no governo, mas o caso será analisado pela Comissão de Ética da Presidência da República.

Brasil Post

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