Redação Pragmatismo
Mídia desonesta 10/Nov/2016 às 12:42 COMENTÁRIOS
Mídia desonesta

Cerveró desmente versões da mídia e diz que Lula não interferiu em delação

Publicado em 10 Nov, 2016 às 12h42

Em depoimento, Nestor Cerveró diz que jamais recebeu pressão de Lula para obstruir delação, como divulgado em alguns veículos da grande mídia. Ex-diretor da Petrobras afirmou que recebeu pressões apenas do senador cassado Delcidio do Amaral

Cerveró desmente mídia obstrução delação lula
Nestor Cerveró (reprodução)

O ex-executivo da Petrobras Nestor Cerveró e sua advogada, Alessi Brandão, afirmaram nesta terça-feira 8 que receberam pressões apenas de Delcidio do Amaral, para que evitassem citar o ex-senador na delação premiada assinada pelo ex-funcionário da estatal.

Segundo informações divulgadas pela defesa do ex-presidente Lula, as afirmações foram feitas em audiência realizada em Brasília, no processo penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros, é acusado por obstrução de Justiça. A informação desmonta a principal acusação contra Lula no processo, de que ele teria pressionado o ex-executivo da Petrobras para omitir fatos em sua delação premiada.

Tanto Cerveró quanto sua advogada reafirmaram não terem nenhuma pressão para evitar menções ao ex-presidente Lula ou ao banco BTG. Todas as testemunhas ouvidas na audiência disseram desconhecer qualquer ação do ex-presidente Lula para obstruir a delação de Cerveró.

Os depoimentos reforçam a tese de que que Delcídio agiu por interesse próprio ao tentar impedir a delação de Nestor Cerveró, que citava propinas de empresas privadas (G.E. e Alstom) recebidas pelo ex-senador, quando este era diretor da Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso. E também de que o ex-senador teria desviado US$ 2.5 milhões para sua campanha ao governo de Mato Grosso do Sul em 2006.

A advogada de Cerveró, Alessi Brandão, relatou bastidores da sua relação com seu cliente, sobre a condução das negociações para que ele obtivesse uma delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. Ela acusou o advogado Edson Ribeiro, que representava Cerveró, de dificultar o acordo de delação, junto com o senador Delcídio do Amaral.

Saiba mais:
Cerveró: “Filho de FHC nem sabia o que era termelétrica e foi contratado pela Petrobras”
Cerveró nega que Lula tenha tentado obstruir Lava Jato
Cerveró cita ex-presidentes em delação premiada
Nestor Cerveró inclui governo FHC na Lava Jato
Vazamentos da Lava Jato deixam ministros do STF desconcertados

A advogada reiterou que só ouviu sobre suposta participação de Lula a partir da delação do senador Delcídio do Amaral. Cerveró também reiterou que não houve nenhuma outra pressão a não ser a de Delcídio do Amaral para que ele não fizesse delação.

Delcídio, ao acusar Lula sem provas, conseguiu fechar ele próprio um acordo de delação que permitiu que o ex-senador saísse da cadeia e ficasse em liberdade. Ou seja, após atuar para impedir uma delação, bastou Delcídio acusar Lula sem provas para ele mesmo obter um acordo de delação premiada, ao atribuir a outro uma ação do próprio Delcídio“, diz a defesa do ex-presidente Lula.

Cerveró também confirmou que seu filho recebeu R$ 50 mil no primeiro semestre de 2015, que devolveu ao advogado Edson Ribeiro como pagamento e que segundo Edson, veio do Delcídio do Amaral. Segundo Cerveró, seu filho não recebeu nenhum outro pagamento de Delcídio, nem pediu aqueles recursos, diferente do que foi dito em depoimento do ex-senador.

Leia abaixo nota divulgada pelos advogados de Lula a respeito:

Os depoimentos colhidos na data de hoje (8/11/2016)na 10a Vara do DF desmentem, de forma inequívoca, a delação premiada do ex-senador Delcidio do Amaral quanto à denuncia de obstrução de justiça envolvendo o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva.

Foram colhidos depoimentos de Nestor Cerveró, sua advogada e outras três pessoas, que negaram qualquer ação direta ou indireta de Lula com o intuito de impedir ou retardar a delação de Cerveró.

Diferentemente de versões já divulgadas pela mídia, Cerveró não disse que sua indicação para a diretoria da BR Distribuidora foi um ato de Lula como agradecimento por qualquer fato anterior. Ele confirmou que “ouviu dizer” por terceiros esta versão, citando o nome de Sandro Tordin, ex-executivo do setor privado, que não tinha nenhuma relação com Lula.

Dessa forma, a audiência de hoje deixou claro que nosso cliente não praticou qualquer ato ilícito antes, durante ou depois do cargo de Presidente da República.

Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira

Leia também:
Rede Globo criminaliza ocupação das escolas no Brasil
O que explica o silêncio da grande mídia sobre a PEC do Teto e as ocupações?
Rede Globo usa novela para atacar regulamentação da mídia no Brasil
O Globo comemora cassação de Dilma e depois apaga postagem
Ombudsman da Folha admite que pesquisa favorável a Temer foi manipulada
Entre sabujos e desacreditados

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook.

Recomendações

COMENTÁRIOS