Redação Pragmatismo
Mercado 18/Nov/2016 às 15:15 COMENTÁRIOS
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Dono da Riachuelo, condenado por trabalho escravo, celebra fim do 'bolivarianismo'

Publicado em 18 Nov, 2016 às 15h15

Condenado por trabalho escravo, Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, celebra o fim do 'Estado Robin Hood de Dilma', chama o socialismo de 'saga terrível' e se diz otimista com Michel Temer

Flávio Rocha Riachuelo condenado por trabalho escravo Dilma
Flávio Rocha, dono da Riachuelo

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira, o empresário Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, celebrou o fim do assistencialismo com a deposição de Dilma Rousseff e a chegada de Michel Temer ao poder.

Flávio disse que a ex-mandatária promovia um ‘Estado Robin Hood’ (alusão ao herói mítico que roubava dos ricos para dar aos pobres), populista e ‘bolivariano’. O empresário defende ainda que só no capitalismo é possível alcançar justiça e cidadania.

“O livre mercado é a melhor maneira de distribuir riqueza e o inchaço do Estado, a pior maneira de concentrar riqueza. O mito do Estado Robin Hood a Dilma acabou de desmoralizar. O socialismo é uma saga tão terrível que, de tempos em tempos, ela ressuscita como um zumbi, como agora, nessa última vez, na forma do populismo bolivariano”, disse o presidente da Riachuelo.

O empresário enxerga com bons olhos o governo de Michel Temer. “Eu vejo [o governo Temer] com otimismo. Acredito que a retomada do crescimento vai ser mais rápida do que a gente imagina […] O programa “Ponte para o Futuro” sintetiza as ideias defendidas por qualquer pessoa de bem”, afirmou.

Em marco de 2016, às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Flávio Rocha afirmou que bastava a ex-presidente sair do poder para o Brasil voltar a crescer e receber investimentos. No entanto, a realidade é que com 7 meses de governo Temer a economia segue em recessão e não há perspectiva de avanço.

Trabalho escravo

No início do ano, o grupo Riachuelo foi condenado por praticar trabalho escravo, como revelou matéria do site Repórter Brasil.

Na ocasião, uma costureira que trabalhava para o grupo relatou uma série de abusos físicos e psicológicos. As funcionárias não bebiam água e quase não faziam necessidades fisiológicas por conta das limitações de trabalho impostas.

A ex-funcionária desenvolveu Síndrome do Túnel do Carpo, que provoca dores e inchaços nos braços. A ação aponta que a trabalhadora teve a sua capacidade laboral diminuída devido ao ritmo de trabalho exaustivo demandado pela fábrica potiguar, onde são confeccionadas peças de roupa vendidas pelas lojas da Riachuelo.

‘O pobre homem rico’

Para o jornalista Luis Nassif, Flávio Rocha é o exemplo de empresário que não conseguiu ir além do dinheiro.

“O Brasil tem poucos muito ricos que conseguem transitar pelo campo dos negócios e dos conceitos. É o caso de Jorge Gerdau e de Jorge Paulo Lehmann. Todos tornaram-se cidadãos do mundo. Flávio, não”.

Além de se incomodar com políticas de transferência de renda, Flávio também não parece se orgulhar de suas raízes.

“Flávio é um homem do nordeste. Mas seu sonho sempre foi ser um intelectual de peso e um empresário do sudeste […] Sendo do nordeste, Flávio teria um vasto campo para exercitar a visão de país, a construção de compromissos sociais, a mobilização modernizadora de seus pares. Mas nunca conseguiu ir além de ser apenas um homem rico. Seu amigo Roberto Campos condoía-se com essa impotência, essa impossibilidade que dinheiro nenhum no mundo compra”, finaliza Nassif.

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