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O que é mais grave: Geddel fazer o que fez ou Temer prestigiá-lo?

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O que é mais grave: Geddel Vieira Lima fazer o que fez ou Michel Temer, sabendo o que aconteceu, prestigiar o ministro da Secretaria de Governo?

Geddel Vieira Lima e Michel Temer (reprodução)

Mário Magalhães, seu blog

Tem muita espuma nessa polêmica”, sentenciou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acerca do affair Geddel Vieira Lima.

É possível que o deputado tenha razão. Mas é preferível não dizer o que certamente há sob a vasta ou escassa espuma, para preservar de escatologia esta quarta-feira.

Como se sabe, o ministro da Secretaria de Governo procurou o colega titular da Cultura para tratar de um veto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O Iphan barrara um espigão de nome francês e 30 andares que está sendo erguido numa das áreas, a Ladeira da Barra, de vista mais bela da orla de Salvador.

Geddel comprou uma unidade do prédio. Tem outros vínculos, de família, com o negócio.

Marcelo Calero disse que foi pressionado para peitar o Iphan e pediu as contas do Ministério da Cultura.

O chefe da Secretaria de Governo alegou que tratou do La Vue, mas não pressionou ninguém.

Embora um ministro tenha interpelado outro sobre decisão de instituto público contrária aos interesses privados do primeiro, Michel Temer preferiu deixar para lá.

Geddel vem sendo criticado com gosto, o que é saudável para a democracia. Ele faz por merecer. Quanto maior _e sensato_ o espírito crítico, melhor para os cidadãos.

O curioso é que o mesmo espírito crítico se manifesta bem mais tímido em relação a Temer.

Foi ele quem nomeou Geddel, a despeito do currículo, para um posto-chave na administração.

Só quem ignora a trajetória do ministro se surpreende com o episódio na Bahia.

Temer o levou para o coração do Planalto, e agora tenta mantê-lo até quando suportar as pressões tipo ”assim já está pegando mal demais”.

O que é mais grave: Geddel fazer o que fez ou Temer, sabendo o que aconteceu, prestigiar o companheiro?

O líder do governo no Congresso é Romero Jucá. Aquele que pontificou em tempos idos: ”Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”.

Michel Temer recebeu um cheque de R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez na campanha eleitoral de 2014. Um empreiteiro mudou a versão sobre a natureza do cheque. Preservou o presidente e talvez tenha reverenciado a lei Jucá.

O empresário Marcelo Odebrecht contou que desembolsou R$ 10 milhões a peemedebistas, a pedido de Temer.

As ações atribuídas a Geddel são graves, e o ministro já deveria ter sido demitido.

Mas são menos graves do que as que envolvem Temer, até porque este preside a República.

Para o governo, Geddel é um probleminha.

O problemão se chama Michel Temer.

Se o espírito crítico que escrutina Geddel se aplicasse a Temer com o mesmo vigor, o pai de Michelzinho estaria em apuros.

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