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A história de Marcelo Calero, o homem-bomba do governo Temer

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Marcelo Calero, carioca da Tijuca, não é um apolítico. Em 2010, foi candidato a deputado federal. Depois, anunciou novas pretensões eleitorais. Se Michel Temer achou que ele era um “bobinho”, que só obedeceria ordens, errou feio. Saiba mais sobre o ex-ministro da Cultura que virou o homem-bomba do governo

Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura do governo Temer

O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria do Governo), braço direito de Michel Temer, deixou o cargo na manhã desta sexta-feira (25). As razões foram publicadas numa carta de renúncia.

A verdade é que o grande pivô da saída de Geddel e do agravamento da crise política no governo Temer é Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura da atual gestão.

A crise no núcleo do governo Temer teve início com entrevista de Calero ao jornal “Folha de S.Paulo” na qual o ex-ministro revelou que um dos motivos de ter pedido demissão havia sido a pressão exercida por Geddel para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizasse a obra de um prédio de 30 andares numa região histórica de Salvador, nas imediações de monumentos tombados.

O Iphan, órgão subordinado ao Ministério da Cultura, havia embargado a obra e exigido que a construção tivesse somente 13 andares.

Ontem, Calero contou à Polícia Federal que Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) também o pressionaram para interceder em favor da obra ligada a Geddel.

Em texto publicado no Tijolaço, o jornalista Fernando Brito fez um breve apanhado a respeito de Marcelo Calero. Confira abaixo:

Marcelo Caléro Faria Garcia, carioca da Tijuca, não é um apolítico.

Em 2010, foi candidato a deputado federal, na campanha de José Serra, pelo PSDB.

Depois, entrou no PMDB, já participando da gestão de Eduardo Paes, anunciando novas pretensões eleitorais.

Se Temer achou que ele era um “bobinho”, que só obedeceria ordens , errou feio.

Calero tem um olho no padre e outro na missa, além de vaidade e ambição, em grandes quantidades.

O que, claro, não invalida sua denúncia sobre a falcatrua que se armava.

Mas que desperta suspeitas de que haja, de fato, a gravação que se suspeita dos diálogos “pouco republicanos” de Temer.

Ainda mais quando se firmou a tese de que gravação clandestina é o método correto das relações políticas.

Calero está longe de ser um santo, é evidente.

É da nova camada de políticos que não se acomoda em partidos, mas em grupos e e algumas relações pessoais e as dele não podiam lhe oferecer estabilidade diante do papel de mero estafeta – ou ele não sabia? – que Temer dá á maioria dos seus ministros, especialmente nesta área “desprezível” da Cultura.

Despertou como gata borralheira no seu sonho de Cinderela ministerial, subitamente reduzido a ser mandado limpar as imundícies de Geddel.

É um poço de rancor e vaidade ferida.

Por isso é tão perigoso para Temer.

PSDB ataca Calero

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), um dos investigados pela Operação Lava Jato, defendeu que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero seja investigado por ter gravado a conversa que teve com Michel Temer acerca das pressões exercidas pelo ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para que uma obra de seu interesse em Salvador (BA) fosse liberada.

Aécio, que evitou pedir qualquer ação contra Geddel, disse que “há algo aí de extremamente grave e que também tem que ser investigado, o fato de um servidor público, um homem da confiança do presidente da República, com cargo de ministro de Estado, se confirmado isso, entrar com um gravador para gravar o presidente. Isso é inaceitável, é inédito na história do Brasil”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também saiu em defesa de Michel Temer e do atual governo. “É um período de transição. O importante é atravessar o rio. Essa ponte pode ser uma pinguela, mas é o que temos. O Brasil precisa, com urgência, de reformas. Nossa situação fiscal é muito ruim. Quem produziu um desastre no Brasil foi o PT”, afirmou FHC.

Saiba mais:
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