Seis passos para tirar nota 10 na redação do ENEM
Professora divulga esquema de seis passos para estudantes tirarem nota máxima na redação do ENEM. Conteúdo revela o que os avaliadores do exame esperam encontrar em cada parte do texto
Um esquema que mostra como conseguir uma ótima nota na redação do Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) 2016 está viralizando nas redes sociais.
A professora de um curso preparatório para o exame, Tarsila Baylão, compartilhou fotos de diversos cards com um esquema dado em aula. O conteúdo esquematiza como o estudante deve estruturar o texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) e os erros mais comuns que tiram pontos.
O conteúdo também mostra o que os avaliadores do exame esperam encontrar em cada parte da redação. Na introdução, por exemplo, a professora diz para o estudante não usar referências abstratas, como “Na antiguidade”.
Além de deixar tudo esquematizado e dar dicas em tópicos, ela ainda dá exemplos do que não fazer e mostra as competências que os estudantes devem mostrar na redação.
Segundo Tarsila, como o conteúdo resumido nos cards são baseados em vários estudos, pesquisas, vídeos e suas vivências pessoais. A publicação tem mais de 26 mil reações, 100 mil compartilhamentos e 18 mil comentários.
A ideia da postagem partiu dos próprios alunos de Tarsila. “Eles comentaram que tinham dificuldade em assistir a aulas em vídeo, porque acabavam se desconcentrando. Pediram para eu compartilhar o resumo e aí foi um sucesso”, explica. Em menos de uma semana, o post viralizou.
“Recebi muitas mensagens. Pessoas pedindo para eu corrigir redação, gente que eu não conheço falando que os cartões tinham ajudado nos estudos.” Ela diz que não consegue mais dar conta de responder a todos os comentários.
Professora há dez anos
Professora há dez anos em Carangola, em Minas Gerais, Tarsila conta que seus esquemas sempre fizeram sucesso. “Na faculdade, eu fazia uma série de resumos e emprestava para todo mundo tirar cópia”, brinca.
Seu gosto por tipografias e ilustrações vem desde a adolescência. “Eu queria cursar design. Como na minha cidade não tinha outras opções de faculdade, além de licenciatura em letras, eu acabei fazendo”, explica.
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Ao entrar no curso de letras, ela não só gostou como também viu uma maneira de aliar seu interesse por esquemas gráficos com as aulas. “Sempre busquei métodos diferentes na hora de ensinar: projetos, resumos diferenciados, que me ajudavam tanto a estudar, como a transmitir isso para os meus alunos.”
Veja abaixo o passo a passo do esquema:
Estudante nota ‘1000’ dá dicas para boa redação
O estudante Raphael de Souza, do Rio de Janeiro, tirou duas vezes a nota máxima na redação do ENEM: em 2014 e 2015. Ele foi aprovado em Medicina na Federal do Rio de Janeiro, pelo Sisu – o curso mais concorrido do programa.
“Fazia uma redação por semana e sempre ia na monitoria do cursinho, onde podia ver o que tinha acertado e o que estava errando nos textos”, diz.
Segundo ele, há algumas estratégias que o fizeram chegar tão longe. “Preparação e muito treino são fundamentais”, diz.
Além disso, ele procurou estudar mais disciplinas de Humanas, como filosofia e sociologia, para sair do senso comum. “Não me preocupei tanto com atualidades. Minha estratégia foi procurar entender teorias novas e temas de sociologia, que me ajudaram muito a fazer alguma intertextualidade e a oferecer uma ideia diferente da coletânea para a banca corretora”, diz Raphael.
“Gosto de usar a técnica do ‘texto circuito’. Começo pelo título, usando uma frase curta que estimule a vontade de ler. Depois, vou interligando o texto: após a introdução, puxo para o desenvolvimento. E conecto a conclusão com a introdução, formando um circuito”, afirma.
Confira as principais dicas do jovem:
— Introdução: “Sempre começo fazendo algum paralelo do tema com história, com um acontecimento que tenha a ver com o assunto. Assim, eu já insiro o diferencial de cara do texto, indo além da coletânea.”
— Desenvolvimento: “Nos argumentos, coloco bastante teoria e intertextualidade. Aqui entram as partes de filosofia e sociologia. Ao longo das aulas, durante o ano, fui fazendo uma lista de frases legais que eu poderia usar nos contextos de redação, e carregava comigo para ir decorando. Também é uma boa ideia porque pode deixar o texto com mais impacto para o leitor.”
— Conclusão: “Essa é a parte em que precisa ter mais cuidado, tem que elaborar bem. Na conclusão, sempre retomo a ideia inicial, que completa o circuito. Para fazer a proposta de intervenção, obrigatória, é muito importante especificar bem quem vai fazer o quê: a qual ministério, o governo, deve se aliar, em que deve investir etc. E é bom evitar os clichês, para não ficar muito batido.”
Leia abaixo a redação de Raphael que recebeu nota 1000 no ENEM de 2015, sobre o tema “A persistência da violência contra a mulher no brasil:
Equilíbrio Aristotélico
Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à problemática.
Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.
Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.
com informações de UOL e Huffpost Brasil