Alckmin diz que derrota para Aécio em eleição interna do PSDB foi 'golpe'
Por 29 votos a 2, PSDB descumpre regimento interno e reconduz Aécio Neves à Presidência do partido. O 'mineirinho' foi apoiado por José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, diz que processo foi um 'golpe'
Aécio Neves foi reconduzido esta semana à Presidência do PSDB por mais um ano. De acordo com Geraldo Alckmin, o processo se assemelhou a um ‘golpe’.
O governador de São Paulo reagiu com indignação à decisão da cúpula de seu partido de prorrogar o mandato do ‘Mineirinho’ — apelido dado a Aécio nas planilhas de propina da Odebrecht.
Segundo assessores, Alckmin considerou a medida uma “expulsão branca” e “golpe branco”, como uma tentativa de forçá-lo a deixar o PSDB se quiser garantir a sua candidatura à Presidência em 2018.
O posto de candidato em 2018 é disputado tacitamente pelo governador paulista, de um lado, e Aécio e o ministro José Serra (Relações Exteriores), de outro.
A presidência do PSDB é decisiva na condução do processo interno de escolha do candidato. Com a prorrogação por um ano, Aécio estará no comando durante o ano pré-eleitoral.
Um aliado de Alckmin usou o termo “revolta” para descrever a reação no Palácio dos Bandeirantes.
Outro interlocutor do governador comparou a articulação àquela que tentou fazer do vereador Andrea Matarazzo, então no PSDB, hoje no PSD, candidato a prefeito de São Paulo.
O nome preferido de Alckmin era o do empresário João Doria, que acabou sendo escolhido e eleito, o que se tornou um ativo político para o governador.
Com o fortalecimento de Alckmin, Serra e Aécio, até então adversários, aproximaram-se.
Em reunião há cerca de duas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não se opôs à articulação para manter Aécio no comando. Serra também mostrou-se favorável.
Em reunião nesta quinta-feira (15), a executiva do PSDB decidiu pela prorrogação por 29 votos a 2. “Podiam ter falado ‘todo mundo a favor’ e não ficava como derrota do Alckmin”, comentou um tucano.
Na análise de um assessor, a tendência é que aliados de Alckmin façam a crítica pública ao PSDB, enquanto o próprio delimitará sua diferença em relação à cúpula do partido e ao governo Michel Temer (PMDB).
“Gosto do Aécio, mas não se deve mudar a regra do jogo com a partida em andamento”, afirmou o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista e aliado de Alckmin.
com Folhapress