Mídia diz que advogados de Lula "radicalizam", mas esconde abusos e erros de Sergio Moro. Jornais não revelam os motivos que continuam levando a banca de advogados do ex-presidente a "bater boca" com o juiz da Lava Jato durante as audiências
Luís Nassif, Jornal GGN
A Folha de S. Paulo publicou nesta quinta (15) uma matéria que reforça a estratégia usada por Sergio Moro e a força-tarefa para desqualificar a defesa do ex-presidente Lula no caso triplex e em outros processos e investigações: dizer que a banca de advogados tem sido “radical” e partido para o “ataque” contra a Operação Lava Jato.
Com a reportagem “Indiciado de novo e réu em três ações, Lula ataca Moro”, Folha constrói uma narrativa para estabelecer que o ex-presidente, na incapacidade de provar sua inocência, tem permitido que os defensores “ataquem” Moro com a finalidade de vê-lo fora do julgamento do caso triplex.
O Estado de S. Paulo deu espaço, nesta semana, a membros das associações de juízes e procuradores que fizeram comentários que convergem sempre no mesmo sentido: apoiar a Lava Jato a qualquer custo e fazer pré-julgamentos acerca da culpa do ex-presidente.
Ambos os jornais, por outros lado, deram pouco destaque aos motivos que continuam levando a banca de advogados de Lula a “bater boca” com Moro durante as audiências sobre o apartamento no Guarujá, que a Lava Jato diz que foi dado pela OAS ao ex-presidente como propina disfarçada por causa de três contratos na Petrobras.
A troca de farpas entre Lava Jato e advogados, logo na oitiva de Delcídio do Amaral, uma das primeiras, foi o foco central das reportagens da grande mídia, colocando os equívocos cometidos por Moro em segundo plano.
No caso em tela, o juiz federal violou o Código Penal ao permitir que os procuradores fizesse perguntas sobre o sítio de Atibaia e outros assuntos que nada têm a ver com o triplex no Guarujá. Isso fere o direito à ampla defesa, disseram os advogados. Moro, que alegou que a interpretação do Código Penal é subjetiva, também fez perguntas alheias ao objeto da ação penal, ao interpelar Delcídio sobre um inquérito que tramita na Justiça de Brasília pela acusação de obstrução da Lava Jato.
Na reportagem desta quinta, a Folha cita o mais recente “bate-boca” entre Moro e a defesa de Lula, protagonizada por Juarez Cirino na audiência da engenheira da OAS, Mariuza Marques, escondendo, mais uma vez, que Moro é acusado de favorecer a Lava Jato permitindo perguntas tendenciosas ou desconectadas com o processo.
No caso, o procurador da Lava Jato tentava induzir a testemunha a responder que o apartamento no Guarujá “parecia”, na opinião dele, “direcionado a Lula”. Cirino protestou porque achismos não deve se sobrepor a fatos. Moro permitiu que o procurador continuasse mesmo assim. O advogado tentou, então, apresentar questões de ordem – que devem ser ouvidas e registradas, ainda que indeferidas. Foi quando Moro disse que a defesa apresenta muitas questões de ordem, chegando a ser “inconveniente”. Aos berros, o magistrado pediu “respeito ao Juízo” e disse que tinha poder para cassar a palavra da defesa.
“Na quarta (14), mais um round. Os advogados de Lula protocolaram uma petição em que acusam o magistrado de tratar a defesa do petista com falta de ‘urbanidade‘”, escreveu a Folha. O jornal não deu espaço as acusações de Moro em relação aos advogados. Só relatou que o juiz classificou a banca como desinformada, mas relevou a insinuação de que as ações que ela move para atestar que o magistrado é parcial é a saída para a incapacidade de provar a inocência de Lula.
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