Cármen Lúcia tentou, sem sucesso, emplacar Luiz Edson Fachin ou Luís Roberto Barroso na relatoria da Lava Jato por considerá-los "discretos", assim como Teori. A ideia era ter a aprovação de todos os magistrados, mas uma guerra de egos impede decisão nesse sentido
Helena Chagas, Os Divergentes
É cada vez mais provável a chance de o destino da relatoria da Operação Lava Jato ficar nas mãos do imponderável – que, no caso, é a redistribuição por sorteio eletrônico, mais provavelmente entre os integrantes da segunda turma, ainda que ela ganhe mais um membro. Bem que a ministra Carmen Lúcia vem tentando evitar isso, negociando uma solução em torno de um nome aprovado pelos colegas. Mas a fogueira das vaidades do STF não permitiu ainda que esse entendimento aconteça.
Não é por acaso que muitos que conhecem bem a mais alta corte do país costumam dizer que o Supremo é composto por 11 ilhas. Cada um ali é um luminar, uma autoridade, um escolhido pelos deuses. Todos muito ciosos de seu papel e sua imagem. Nesses tempos midiáticos de sessões transmitidas ao vivo, então, acirrou-se a competição por espaço – que, aliás, sempre existiu.
Por que Carmen Lúcia não consegue “endereçar” uma solução razoável, em torno de um nome técnico e discreto como o de Edson Facchin, que aceitaria mudar de turma para herdar a LJ, ou o de Luiz Roberto Barroso, que é revisor desta ação em plenário? Porque alguns de seus colegas, entre suas idiossincrasias, vetaram esses nomes. Por que querem ser relatores? Não. Simplesmente porque não querem ver o caso na mão de um desafeto ou adversário interno.
O único nome que talvez fosse aceito de bom grado pelos demais seria o do decano Celso de Mello, que, ao que se sabe, recusa a missão. Se Carmen Lúcia não conseguir demover a má-vontade de alguns colegas em relação aos outros, vai para o sorteio. E a Lava Jato terá que contar com a sorte.
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