Chile abandona TPP após saída dos EUA. Os primeiros-ministros do Japão e da Austrália, as duas maiores economias do TPP junto do Canadá, estudam salvar o acordo. Para tanto, discutem abrir a porta para a China, inicialmente excluída do pacto
O ministro de Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, declarou nesta segunda-feira (23/01) que o país não participará mais do TPP (Acordo Transpacífico) após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de se retirar do acordo.
“O TPP como o conhecíamos não está mais sobre a mesa”, disse Muñoz, referindo-se ao decreto assinado por Trump que estabelece a saída dos EUA do tratado de livre comércio.
O chanceler disse que o texto do acordo não será submetido à votação no Congresso, mas que o país “persistirá na abertura ao mundo e na integração sob distintas modalidades como fizemos no passado, com acordos bilaterais, sub-regionais e regionais”.
Ele ainda afirmou que iniciou contatos com os outros governos integrantes do TPP, visando a reunião que será realizada em março em Viña del Mar para analisar a situação do acordo após a decisão de Trump. “Nos interessa seguir avançando na integração com países da região Ásia-Pacífico, muitos dos quais eram parte do TPP”, disse Muñoz.
Com saída dos EUA, países restantes buscam alternativas
Os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, e da Austrália, Malcom Turnbull, as duas maiores economias do TPP junto do Canadá, estudam salvar o acordo, apesar da saída da principal economia mundial.
“Existe a possibilidade de que o TPP prospere sem os EUA“, afirmou Turnbull após conversar com Abe e com os primeiros-ministros da Nova Zelândia, Bill English, e de Cingapura, Lee Hsien Loong, nesta segunda-feira (23/01).
Entre as opções para um Acordo Transpacífico alternativo, a Austrália indicou a possibilidade de levar o TPP adiante sem os EUA ou de abrir a porta para a China, excluída do pacto. “Certamente existe potencial para que a China se una ao TPP“, afirmou Turnbull, citando o compromisso com a globalização e o livre-comércio ressaltado pelo presidente da China, Xi Jiping, em recente discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A China já tinha realizado esforços paralelos para aumentar sua presença comercial na região através da Parceria Econômica Regional Compreensiva (RCEP, na sigla em inglês) e da Área de Livre-Comércio Ásia-Pacífico (FTAAP). Agora, está diante do cenário ideal para ocupar o vazio deixado pela saída dos EUA do TPP. O governo da China não esclareceu qual será a postura adotada em relação ao TPP, mas um centro de estudos ligado ao Executivo sinalizou o interesse de Pequim em se unir ao pacto.
“Se ocorrerem novas negociações sobre o TPP, não acredito que haja nenhum obstáculo que impeça a adesão da China“, disse hoje Teng Jianqun, diretor de Assuntos Americanos do Instituto de Estudos Internacionais da China (CIIS), que pertence ao Ministério das Relações Exteriores.
Para o Japão, por outro lado, convidar a China para o TPP representaria um elevado risco estratégico devido ao peso do rival e poderia significar uma reformulação das regras comerciais do pacto seguindo os interesses de Pequim. Por isso, especialistas japoneses acreditam que o país irá concentrar energias em negociar um acordo bilateral com os EUA como alternativa.
O governo japonês também avaliou que um eventual acordo sem os EUA seria “sem sentido” por desequilibrar a balança entre os interesses fundamentais dos países envolvidos. Koichi Hagiuda, porta-voz do governo, destacou a intenção de Abe de convencer Trump sobre as vantagens do acordo para a economia americana.
Visto como uma engrenagem fundamental dentro do “Abenomics”, o plano de crescimento econômico de Abe, e como contrapeso crescente da influência da China na região, o TPP, que deve ser aprovado pelos respectivos Congressos, foi ratificado até o momento apenas pelo próprio Japão.
O TPP só entrará em vigor se for ratificado por países que representem pelo menos 85% da economia do bloco. Sozinhos, os EUA representam 60% do PIB somado dos 12 aliados signatários.
Entre os demais signatários, Nova Zelândia, Cingapura, Chile, México e Peru se mostraram dispostos a dar uma nova forma ao TPP. Outros, como a Malásia e o Vietnã, já buscam alternativas, como aprofundar as relações econômicas por meio da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
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