“FDN x PCC”. Comerciantes lucram em Manaus vendendo o DVD da barbárie. O material foi produzido pelos próprios presos, que registraram a matança. Demanda foi tão grande que produto se esgotou
As imagens que circularam pelas redes sociais do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que terminou com a morte de 56 presos no dia 1º de janeiro, foram compiladas em um DVD pirata, que está sendo vendido nas ruas de Manaus, no Amazonas, por preços que variam entre 2 e 3 reais.
A barbárie foi registrada pelos próprios presos. Há cenas de corpos decapitados e corações nas mãos dos detentos.
O filme, que recebeu o título de ‘FDN x PCC, o massacre’, traz como ‘extra’ uma reportagem veiculada pelo Fantástico, da Rede Globo, no fim de semana seguinte à chacina.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o caso está sob investigação. Os responsáveis podem ser indiciados pelo crime de vilipêndio a cadáver, que, segundo o artigo 212 do Código Penal Brasileiro, é inafiançável, com pena prevista de 1 a 3 anos de detenção e possível pagamento por danos morais às famílias das vítimas.
O massacre
O motim durou mais de 17 horas e deixou ao menos 56 presos mortos, segundo a secretaria de Segurança Pública do Estado. Muitos dos detentos foram mutilados.
Além das mortes, 12 agentes prisionais foram feitos reféns, mas todos foram liberados sem ferimentos. O presídio, localizado no quilômetro 8 da BR 174 (que liga Manaus a Boa Vista), foi tomado por bandidos que integram a Família do Norte (FDN), a maior facção na região Norte do país. Eles entraram em conflito com os rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC), que foram mortos.
Retaliação
Ao menos 31 presos morreram em Roraima dias após o massacre em Manaus. De acordo com o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro, que foi ao local, não houve rebelião e a matança seria de responsabilidade de presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estavam concentrados neste centro de detenção.
Na última semana, no Rio Grande do Norte, integrantes do PCC mataram 26 presos da facção Sindicato do Crime na penitenciária de Alcaçuz.
Tanto FDN como Sindicato do Crime são aliados do Comando Vermelho (CV).
O Comando Vermelho e o PCC, liderados por Fernandinho Beira-Mar e Marcola, respectivamente, romperam no ano passado o pacto de paz que tinham há anos, o que culminou em massacres em diversos presídios do Brasil, de ambas as partes.
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